¡Pura Vida!

Sao dez da noite aqui na Costa Rica. Estou no computador em frente a porta da sala de informatica... Ta quente, mas passa uma brisa suave. Hoje choveu em Santa Ana. Vou comecar do comeco. Era para eu ter chegado em San Jose, capital da Costa Rica, as 10h de quarta, mas tive problemas no aeroporto e dormi na casa da Helena (ex-aluna do UWC dos Estados Unidos). Devo dizer que foi incrivel ve-la de pantufas as quatro da matina andando de um lado pro outro para achar minhas malas... logo ela, minha carrasca de entrevista, ahahaha... Para voce ver como a vida pode surpreender. Enfim, peguei outro voo e cheguei em SJO umas 19h e logo vi no aeroporto um tanto de alunos com uma bandeira branca linda escrita UNITED WORLD COLLEGE COSTA RICA. Depois de todo meu aperreio foi tao bom ver rostos amigaveis! Nao vou lembrar os nomes - alias, nao sei nem escreve-los, mas estavam la um tico, meu buddy noruegues, uma alema, uma vietnamita, uma haitiana, uma inglesa e um alemao, alem da encarregada dos alunos, Marlene. Foi assustador andar num onibus de San Jose a Santa Ana e adentrar os portoes do UWCCR. Fui recebida pela minha colega de quarto tica, Gabi, que e absolutamente louca - no melhor dos sentidos. So conheci minha outra colega de quarto mais tarde; Nabila e da Malasia. Ela e muito calma, quietinha... uma fofa. Minha residencia e El Coco, meu quarto, #7. O colegio e lindo. Muito mesmo. A falta do que fazer me matou de tristeza... foram dias terriveis esta quarta e quinta. Acho que nunca senti uma tristeza tao grande. Cheguei a pensar "se for para ficar desse jeito durante dois anos, eu vou embora amanha!". Tantos segundos anos vieram conversar comigo, falar que passa e eu ja estava ate de saco cheio... mas hoje percebi que tudo que me foi dito e verdade. Comecou a semana de orientacao e finalmente me senti parte do colegio. Antes era como se fossemos intrusos atrapalhando o andamento de algo ja solido. Alias, ainda me sinto meio estranha, meio invasora do quarto da Gabi. Vou trabalhar nisso... Pois bem, tivemos palestras sobre as materias e eu descobri que nao posso fazer todas as humanas que quero porque so fico com duas materias em Nivel Superior - e o IB pede tres. Tenho ate domingo para pensar numa solucao e conversar com minha tutora... Amanha teremos provinhas para saber em que niveis devemos ficar em ingles, espanhol e matematica... elas nao defininem, so servem de guia. Acho que a melhor coisa daqui e ter voz ativa na propria vida, fazer as proprias escolhas. E a pior coisa tambem, pois o insucesso tambem e nossa responsabilidade... Nao sei ao certo como serao as coisas por aqui... Agora todos sao simpaticos ao extremo, comecam a conversar contigo do nada e so se ve sorrisos para todo lado, mas sei que nao sera assim para sempre. Enfim... Apesar da distancia de casa e da saudade dos amigos, estou exatamente onde deveria estar :) ¡Pura Vida! - expressao tica que significa algo como "Tudo bem, tudo otimo".

enquanto não chega a hora...

Saiu no site da UWC Brasil notícias sobre a abertura do processo seletivo para as bolsas de 2010-2012. http://uwc.org.br/uwc/content/processo-seletivo-2010-2012 Devo falar que achei tri estranho ver essa atualização, já que foi há dois segundos que eu corri atrás da minha bolsa. Tem coisa mais clichê do que essa sensação de que o passado já um pouco distante aconteceu ontem? Deixando de lado estas reflexões mais profundas, me deu vontade de contar meus passinhos... 1º Etapa; PROVA ESCRITA. Paguei os R$15 com certa antecedência, mas só enviei minha inscrição no último dia, 4 de dezembro de 2008. Fomos eu e Catarina à agência de Correios e ela deu um beijo de boa sorte no formulário antes de cerrarmos o envelope. Fiz a prova no dia 14 de fevereiro de 2009 e achei mesmo que não passaria. Sem falsa modéstia; Maíra e Adriano podem atestar que chorei ao telefone durante o almoço, tempo intermédio entre a prova de múltipla escolha e a redação. Dri me consolou falando "Beth, não se preocupa, ninguém quer que você passe, não..." 2º Etapa; ENTREVISTA. O resultado estava para sair no dia 23 de março (uma segunda), mas foi adiado. Na quarta-feira dessa mesma semana estava sussa no Pódion (um cursinho aqui de Brasília), e um guri que fez a prova junto comigo disse "PARABÉNS!" e eu falei "Por que, homem..?" Foi assim que descobri. Fiquei louca de felicidade! A entrevista ocorreu no dia 2 de abril e, mais uma vez, fiquei sem esperanças... Apesar de ter pensado em milhares de coisas que soariam bem numa entrevista, cada pergunta feita me pressionava mais um pouquinho contra a parede e me deixava sem condições de defesa. Havia três ex-alunos da UWC no andar debaixo, conversando conosco enquanto esperávamos para entar na salinha de tortura. Quanto mais eles falavam da experiência, mais eu tinha vontade de fazer parte daquilo. Saí visivelmente mal-humorada da sala de entrevista e não atendi o celular nessa noite. 3º Etapa; CONVÍVIO. O dia 12 de abril seria apenas um domingo qualquer se não fosse aquele telefonema. Estávamos os quatro - eu, Dri, pai e mãe - na sala conversando sobre qualquer coisa e eu, a telefonista designada, atendi a ligação. - Oi, Bethania. Aqui é o Rodrigo da UWC. Queria saber se você gostaria de participar da terceira fase do processo seletivo, o convívio em São Paulo. Agradeci dez mil vezes a ele, que ria do meu entusiasmo do outro lado da linha. Cinco dias depois me enfiei num ônibus e fui para Sampa. Encontrei a Karla, também candidata, no shopping perto do Colégio Santa Cruz, nosso ponto de encontro. O pessoal do comitê ministrou uma palestra mais direcionada aos pais do que a nós e, passado um tempinho, fomos levados a uma chácara (ou sítio, não sei a diferença) em Itu. O convívio fez um bem enorme a mim. Foram três dias deliciosamente cansativos que recomendaria fácil a qualquer pessoa como um tipo de "colônia de férias educativa". E eu saí dele tranquila... tinha esperanças de conseguir, sim. Mas aqueles dias já haviam valido toda a labuta que me levou até lá, mesmo que o desfecho fosse trágico. Fiquei umas boas horas na rodoviária do Tietê, ainda com a Karlinha, antes de voltar para a vida real. ... e depois? O que se há a fazer a não ser esperar? Ahh, e como foi longa! As horas pareciam meses e ir à escola era um suplício. Até que numa tarde de terça-feira, enquanto comia beiju* com meu bem no Conjunto Nacional, meu celular tocou e o nº começava com 011. Gostaria MUITO de lembrar das palavras exatas da Carla (ex-aluna do Lester e alguém por quem sinto enorme gratidão), mas só o que ouvi foi "Queremos lhe oferecer uma bolsa pro colégio da Costa Rica". Meus lábios não tinham cor (de acordo com a Maíra), eu tremia como enferma e comecei a chorar sem perceber os olhares que pousavam na menina histérica. Muita água rolou depois disso... *beiju: bolo de massa de tapioca. Epílogo. Bethania, Êmile e Marina - United World College Costa Rica. Eduarda e Marcela - United World College of the Adriatic (Itália). Breno - Mahindra United World College of India. Karla - United World College of the Atlantic (Gales). Luiza - Li Po Chun United World College of Hong Kong. Vicente - Lester B. Pearson United World College of the Pacific (Canadá). Nos vimos mais uma vez antes de cada um seguir seu rumo por esse mundão véi sem porteira. Pouco tempo passei com essas pessoas, mas levo um tantinho delas em mim. Por mim, iriam todos para a Costa Rica! :) Não vou ser hipócrita e falar que nos amamos perdidamente, não mesmo. O que quero dizer é que, pelo menos para mim, houve um aprendizado muito grande com as nossas diferenças. E se tem algo que eu vou carregar forte comigo depois de passar por esta primeira parte da experiência UWC é que há uma lição a ser tirada em tudo na vida, por mais frívola que pareça a situação.

Para entender o título - Princesa do Sol encontra caminho para o mar - é necessária (e MUITO recomendada) a leitura do livro O Dia do Curinga, de Jostein Gaarder.

Os porquês.

Começou em 2007, quando o avião voava baixinho sobre a cidade de Dallas, Texas. Olhei pela janela e o dia estava simplesmente tão... branco! Nessa hora percebi que a coisa que mais me faria feliz na vida seria ver o mundo. Foi assim que tudo começou. O título deste primeiro post do blog não foi escrito em vão; três pontos devem ter seus porquês respondidos; #1 Quem sou eu? Uma garota de 17 anos que nasceu e se criou em Brasília. Tenho um irmão de sangue, Adriano, e uma quase irmã, Isadora. Sou filha de pais juntados (não casados) que esqueceram de me batizar. Meu pai, Celso, é hiper fã de Raul Seixas e toca violão. Minha mãe, Flaminia, nasceu para ser detetive e canta no mesmo tom que a Gal. Eles estão constantemente na linha tênue entre altruístas e trouxas - e isso foi um elogio. Eles são pessoas muito boas. Estudei em um preparatório para o Colégio Militar até a 5º série (ou 6º ano) e até o meio do 2º ano no CM. Desfilei em todas as paradas de 7 de setembro de 2004 a 2008 e, para mim, o dia 6 de setembro é simplesmente mágico - deixo subentendido. Não acredito muito em átomos e Bíblia. Acho química uma enorme perda de tempo. Tenho medo de física e tecnologia. Já fui a melhor aluna e já fiquei de recuperação - exatas não são para mim. Amo perdidamente escrever e tenho diários desde os 9 anos. Acredito que é possível reverter essa situação caótica do mundo e farei minha parte para tal. E meu nome é Bethania. #2 Qual o intuito de fazer este blog? Além do narcisismo (muitas vezes maquiado) próprio de qualquer pessoa que se exponha dessa forma na internet, quero compartilhar minhas experiências na nova fase da minha vida que terá início em uma semana. No dia 25 de agosto de 2009 iremos eu e minhas malas vermelhas embora da Capital Federal para aportar na pequena cidade de Santa Ana, na Costa Rica. #3 Por que ir para a Costa Rica? Há uns aninhos o jornal Correio Braziliense publicou uma matéria sobre um intercâmbio diferente e resolvi conferir... http://uwc.org.br/uwc/ Depois de me apaixonar pelos ideais da UWC, participei do processo seletivo e fui agraciada com uma bolsa de estudos com duração de dois anos no United World College Costa Rica. Minha aventura começa de fato daqui a oito dias. Desejem-me sorte!