sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Año Viejo.

Em muitos países latinos se vê na porta das casas um boneco de pano chamado Año Viejo, que aparece apenas no dia 31 de dezembro. O boneco tem qualquer coisa que represente os vicios que a pessoa que o fez quer deixar para trás no ano que chega - cigarro na boca, cerveja na mao... e na meia noite, tal boneco é explodido. Nada dramático, nao?! Bom, me sobram 2 minutos de acesso a internet e nao dá pra desenvolver o que eu gostaria de falar sobre isso, e sobre muitas coisas... sobre o que significa este momento do ano para mim, e do que foi este ano em minha vida. Deixa pra depois. Vou jantar com Emai (Chile), Clara (Paraguai), Maria (Colombia) e Roanna (Holanda), estourar uma champanhe à meia noite e dançar até de manha nas ruas de Moyogalpa. Feliz ano novo.

domingo, 26 de dezembro de 2010

adiós, Guate...

Ja nao me encontro mais em territorio chapine. E uma semana nao foi o bastante para explorar tudo que gostaria deste pais magico que e Guatemala... mas foi suficiente para me deixar completamente apaixonada. Pode parecer exagero, mas o fato e que viver na Costa Rica me tirou a fe na America Central. Por algum momento ate pensei algo inaceitavel para uma estudante de Antropologia: que algumas culturas sao superiores a outras. E Costa Rica (somado a Panama, Belize e os CA-4) estariam bem embaixo na minha classificaçao. Pois caminhar ate aqui em cima me mostrou que nao e bem assim, que ha beleza escondida por aqui, que existe muita cultura a ser explorada e que cada um destes paises tem sua particularidade. Escrevo desde El Salvador - outra vez na casa do Marcos, onde dormirei um par de horas antes de ir a Nicaragua. E ai encontrarei a Roanna (Holanda) e a Clara (paraguai) e ficarei até o ano novo. Quando voltar para casa e tiver tempo e disposiçao, prometo elaborar mais as informaçoes que ando jogando assim ao vento nestes ultimos posts. Por agora preciso terminar uma redaçao deveras importante e dormir um par de horinhas. Ai, essa vida de backpacker..!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

no soy La Maga y tampoco estoy en París.

Somos 6 bilhoes de pessoas povoando este mundo ja saturado de humanos, divididos em nacionalidades, pelo deus no qual creemos, por quem nos apetece sexualmente e por outros dez mil rotulos que tentam definir este algo tao complexo que somos.
6 bilhoes, e por razoes que talvez nunca saberemos, determinadas pessoas passam por nosso caminho. Algumas para sempre, outras para nunca mais. Algumas se tornam das coisas mais importante da tua vida, outras te machucam fatalmente. Algumas viram suas companheiras de quarto por um ano num colegio internacional, outras dividem o quarto contigo por uma noite num albergue na Ciudad Guatemala...
6 bilhoes, e por isso mesmo a possibilidade de encontrar o mesmo ser duas vezes em lugares diferentes me deixa abismada. Abismada nao, encantada.
E hoje tudo cheira a poesia. Poesia? Nao... tudo cheira a Rayuela*.
*Rayuela: novela do escritor argentino Julio Cortazar.

domingo, 19 de dezembro de 2010

estoy enamorada.

Lhes escrevo de Antigua Guatemala, a ex-capital deste pais incrivel que estou ha dois dias. Do meu lado esta Sofia (Equador), que escreve para o namorado espanhol. Atras de nos duas esta Karla (Chile) que acaba de acordar. No quarto esta Maria Alejandra (Colombia), que nao sei o que faz. Estamos todas apaixonadas por este pais, que se mostra o mais incrivel dos que visitei nessa America Central. As pessoas, os lugares, o ar... tudo. Aqui e absolutamente magico. Magico. E e so isso que tenho a dizer ate agora: sei que esta sera uma semana singular.

sábado, 18 de dezembro de 2010

sem lenço, sem documento...

Lhes escrevo muito brevemente desde San Salvador, capital de El Salvador. Faz dois dias que viajo de onibus, passando por fronteiras, vendo paisagens e pensando... muito. Me encanta viajar sozinha - principalmente quando há Chandreyi em Manágua e Marcos em San Salvador para me dar abrigo. Em mais ou menos doze horas estarei em Ciudad Guatemala, onde a verdadeira viagem começa... Trilha sonora? Bruises - Chairlift. Estado de espírito? Minha everlasting montanha russa sentimental. O que espero encontrar? Um efemero momento de paz - porque pedir mais que isso já é querer demasiado.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

what was the best mistake you have ever made?

É o fim de uma tarde de vento forte nessa Costa Rica. Estou sentada na living room de Flamingo com Karla (Chile) e Maria Alejandra (Colômbia) enquanto escrevemos as redações que pedem universidades gringas para saber se nos querem ou não.
Acabo de decidir aplicar early decision para uma universidade só de mulheres metida no meio de Massachussetts. Uau. Do jeito que falei parece que é uma coisa ruim. Não é não, ¿vale? É bom, bem bom. Mount Holyoke faz parte de um consórcio de universidades (junto com Smith College, Amrherst, Hampshire e University of Massachussetts) e há possibilidade de ter aulas em todas elas. Además, South Hadley está entre Boston e New York. E as chances de ser aceita aumentam bastantinho com early decision.
Bom, uma das perguntas que se pode escolher para fazer uma mini-redação é o nome deste post, "que foi o melhor erro que você já cometeu?" Obviamente passei uma tarde inteira encarando o computador na tentativa de encontrar uma resposta.
A primeira coisa que me veio à cabeça obviamente foi meu relacionamento destrutivo com o último ser humano que me partiu o coração. Depois me veio a perda do avião de NY a Costa Rica. Fui mais longe e lembrei dos pequenos furtos aos treze anos. Ainda nesse período Thirteen, uso de drogas legais na pré-adolescência... e por aí vai.
É tenso remoer recordações pensando somente nas coisas ruins que se faz, mesmo que seja para explanar em que sentido isso te enriqueceu como pessoa.
Sabe o que? Vou é comer com as meninas, e depois escrevo sobre passar 6 anos num colégio cujas ideologias não eram similares às minhas.
Melhor que entregar meus podres de mão beijada a esses yankees.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

não quero dizer tchau porque da próxima vez é adeus.

Amanhã minha galega vai embora à uma da tarde... e depois dela mais um tanto de gente. E o campus se vai esvaziar. Foi assim que aconteceu das outras vezes: uma hora estávamos todos no campo de frisbee curtindo uns aos outros, na outra, lotávamos o ônibus com destino ao aeroporto.
Há duas malas feitas no chão do meu quarto. Marie e Lucy vão para casa. Ambas mortas de alegria. Marie porque está infeliz aqui. Lucy porque é primeiro ano.
E eu? Bom... eu ficarei aqui um pouquinho. Tomei uma das decisões mais drásticas possíveis e decidi não voltar pra Brasília. Ficarei uma semana, talvez um pouquinho mais, no colégio e depois parto com destino ao norte. Nicarágua, Honduras, El Salvador, Guatemala até chegar ao México.
Me dá um aperto no coração saber que serão milhões de meses sem brasilidade, mas também penso que será das experiências mais enriquecedoras. Assim espero pelo menos.
Enfim. Comecei este post para dizer que nestes últimos diazinhos estamos mais que conscientes que é o começo do fim. E já está doendo.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

¡Happy Birthday! part two: and so I went and let you blow my mind.

Kushboo (Nepal), Maria (Colômbia), Nina (Holanda), Maria Hon (professora, China), Susan (Equador), Wies (Holanda), Laura (Alemanha).
Acordei cedinho no domingo to go hiking with Mindfulness CAS. Pois é, deve parecer a coisa mais bicho grilo do mundo, mas foi assim mesmo que decidi começar meus 19 anos: meditando no topo de uma montanha. E foi uma experiência linda. Depois da caminhada silenciosa fizemos uns exercícios de respiração, yoga e meditação.
Terminamos com um pic-nic vegetariano delicioso, que não logrei traduzir todos os nomes. Uma das melhores coisas de ter ido embora é que tive que aprender a não escolher comida, tenho que comer o que me vem. E isso me fez descobrir sabores incríveis que nunca haveria provado(?) se não estivesse abroad. O problema é que é sempre impossível traduzir os nomes.
Como sempre, nossas conversas foram muito divertidas e enlightening, de reencarnação à legalização da maconha. Adoro mesmo a Maria Hon, nossa professora :) Ela é uma das únicas pessoas com o dobro da minha idade por perto. Para alguém que vive rodeado de pessoas da mesma idade/mais novas, este é o melhor dos tesouros.
Mindfulness sempre me faz pensar que é possível viver em equilíbrio. E é exatamente o que preciso na minha vida nesta momento.
Tive um bolinho de chocolate com rum enfeitado por ervinhas encontradas lá pelo hiking, uma graça.
Ficamos lá por essas montanhas até umas três da tarde...
Tinha intenção de trabalhar, mas quando voltei pra casa, fui levada pela Dani (Israel) para comer uma sobremesa no restaurante brasileiro. Creme de papaya com licor de cassis, deliciousness! (Esse postre me faz pensar na Maia...)
Terminei meu aniversário conversando com um primeiro ano da Colômbia no frisbee field. Estranhamente, muitas pessoas estavam acordadas, andando pelo colégio na madrugada. É uma das minhas coisas preferidas de estar aqui: a possibilidade de encontrar alguém para conversar sempre que dá vontade.
Meu dia foi belíssimo, como sabia que seria. E agora eu sou um ser humano de 19 anos de idade sofrendo uma séria crise. Pois é, aquela que todo mundo tem aos 40 eu 'tô tendo aos 19. Como diria a Dani, "beth, you're so disfunctional...".

¡Happy Birthday! part one: might like you better if we slept together.

As comemorações de aniversário aqui geralmente acontecem na noite anterior ao aniversário, à meia noite. Porém a minha começou às 7 horas da manhã, com uns putos SAT Subject Tests. Fuck my life. Não sei de onde tirei a idéia insensata de fazer Literatura Inglesa. Foi uma dor excruciante, sem contar que me senti dos seres humanos mais inaptos a entender a língua inglesa. Bueno, espanhol foi o oposto. Bem tranquilo, poderia até dizer fácil. De lá fui ao Multiplaza, um shopping em Escazú, para comprar meu presente de aniversário para mim mesma: um novo diário.
De volta ao colégio, houve um evento HERMOSO: Tribute Night British Rock from 90's onward. Imagina meu êxtase: de Arctic Monkeys, passando por Radiohead, Muse! AI..! E o ápice da noite para mim foi Islands, by The XX, que foi dedicada para mim pelo Emai (Chile) e performed por Simon (Bélgica) e Nina (Holanda). Foi um êxtase, sério mesmo.
Depois, obviamente fomos ao Amigos e só o que posso dizer é: ganhar shots como presente de aniversário é sempre divertido. No meio da noite recebi um envelope da Laura (garçonete e amiga) com um bilhete requerindo minha presença em Cabo Blanco - uma ex-residência que agora serve como espaço social para os alunos e escritório para as psicólogas do colégio - à meia noite.
Quando cheguei ao lugar, dezenas de velas iluminavam a sala, havia cartazes representando arranha-céus... eu estava em uma festa underground em New York :) Marie (França) me fez um vídeo com fotos da nossa viagem ao som de Empire State of Mind, muito lindo. Depois, enquanto usava uma coroa com os dizeres "It's my birthday", fui sentada em uma cadeira no meio da sala e tive um striptease exclusivo do Juan Pa (México), Oskar (Noruega), Maayan (Israel), Evan (US) e Kamil (Espanha/Marrocos). Oh céus. Eu mereço demais esses amigos, hahaha. Danielle (Israel) me preparou um cheesecake delicioso! História por trás
da escolha deste tipo de bolo: ela sempre me zomba dizendo que eu sou cheesy, porque eu sempre digo coisas de filme água com açúcar, sou sempre a que se acaba de chorar por coisas bobas, enfim... sou cheesy. E com orgulho! Como já disse, estava uma delícia e não deu pra quem quis.
Nada melhor para terminar a noite em alta do que dançar com Alice (Romênia) e Susanne (Noruega) até não dar mais. Éramos só as três dançando loucamente, rindo que nem umas hienas... impagável.
Foi um aniversário absolutamente perfeito, que passei com gente que amo e me diverti na medida certa.
E dizer adeus aos dezoito anos foi bem difícil, porque este foi um ano lindo da minha vida, posso até dizer que o melhor. Sin embargo, não se deve levar essa frase muito a sério, porque é o que sinto em cada um dos meus aniversários. Por alguma razão rara sempre termino um ano com a
sensação de que nenhum outro poderá ser tão bom. Já deveria ter aprendido por empirismo que é assim que a vida acontece: um ano é sempre melhor que o outro. A vida é cheia de altos e baixos, mas no fim das contas tudo tende a melhorar. Sim, sim. Esse aniversário me deixou bem up :)

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

lo siento!

Já chegou dezembro, meu mês preferido, hands down. O motivo mais óbvio: meu aniversário. Neste domingo eu *pausa reflexiva... em espanhol seria cumplo 19 años. mas não se traduz assim pro português... espera, calma...ah!* faço 19 anos. E devo dizer que não vi o tempo passar, ainda mais aqui. Quando cheguei, tinha 17 anos. Dezessete. E estou a três dias de completar dezenove. Quão louco é isso?
Bom, o título deste post, "lo siento!" é um pedido sincero de desculpa pela minha ausência. Acontece que eu tive das semanas mais hécticas *ei, ei... isso não existe em português, menina. vai lá no google translator, que virou teu melhor amigo.*, quero dizer, agitadas academicamente. De verdade. Na quarta, por exemplo, tive meu oral oficial de Espanhol e obviamente... freaked out. É tão óbvio que eu colapse sob pressão, nem é engraçado mais. Porém, já foi, e é menos uma responsabilidade nessa vida louca vida de IB student.
Obviamente, me falta tempo, me falta tempo, me falta tempo. E se lo digo (isso é português?) três vezes é por alguma razão. E sempre que tenho essa quantidade monstruosa de trabalho acabo passando dias sem sair do quarto decentemente.
Pra não dizer que viro uma total social lifeless person, aqui vão algumas evidencias que dá pra ser feliz mesmo completamente atarefada:
Diana (Galícia), eu e Marie (França)
Eu e Danielle (Israel)
A primeira foto é de uma sessão de dança pré-finalização de EE: uma hora de danças toscas, chocolate galego e muito riso. A segunda é de uma sessão de carinho mútuo desestressante.
E é assim a vida de segundo ano: morrer de estudar e passar o tempo livre com suas pessoas preferidas :)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Bom dia, Bob Dylan!

Acordei com um bom humor ímpar.
Deixei o snooze tocar até 6:40 am, peguei meu iPod e ao invés de colocar minha waking up music - Like a G6! - decidi colocar algo novo. Bob Dylan foi o escolhido. E que bela escolha!
Tive um dos cafés da manhã mais chill dos últimos tempos, fui tranquila pra aula de Inglês...
Já lhes contei do quanto gosto dessa classe? Primeiro pela professora nova, Lindsay. Se no início ela era aquela típica inglesa obcecada com pontualidade e absolutamente rude, agora já é amiga. Enfim... a aula foi linda. Depois tive Antropología, e já nem me molesta (assim de diz em português?) que o Abner zombe do meu espanhol ou do fato de que nós queremos aplicar a universidades gringas. Já deu de estressar com ele. Aliás, amo cada dia mais minha classe de Antropología Social y Cultural, os Etoros, que me proporcionam almoços divertidíssimos.
E aí, ToK - Teoria do Conhecimento. Não faço segredo do meu desgosto pelo professor dessa matéria que tem tanto potencial... então o que fiz foi tomar este tempo para escutar mais Bob Dylan, comer chocolate e escrever.
E o dia está sendo lindo.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

vai ficar tudo bem.

Então, ontem recebi o tal e-mail do Greg e fiquei freaked out completamente. Depois ainda rolou um stress por causa de Matemática (sempre Mate, pode?!) e, outra vez, freaked out. Quando pensava que o dia terminaria terrível, encontro meus amores de Israel e Espanha, Dani e Amalia. E decidi me dar um break de toda essa loucura acadêmica. Mesmo com um rationale e 2nd draft da EE para entregar nessa sexta-feira. Dá igual. Compramos umas coisinhas e fizemos pizzas caseiras para comemorar o aniversário da Dido (Galícia). Foi outro dos lindos aniversários de novembro.
Saímos depois e o que aconteceu foi que acabei numa mesa, outra vez com Israel e Espanha, discutindo os efeitos negativos da interação que tivemos/temos com homens que gostam de jogar. Eso ha pasado muy a menudo en estes últimos días.
Quando voltamos ao colégio, imaginando que iríamos trabalhar e dormir, algo surgiu: Tim Tam Slam.
Essa é uma tradição que começou com um australiano, passou por uma israelita e agora está com um mexicano. Tim Tam Slam é uma coisa muito simples, mas que vai se tornando mais e mais importante cada vez que acontece. É um dos bonding times mais lindos que temos no UWCCR. Só o que digo é que envolve chocolate e muito amor :)
Foi a primeira vez que eu slammed, e compartilhei esse momento com Klaudia (Áustria) e Karoliina (Estônia).
E ao encostar minha cabeça no travesseiro antes de dormi, pensei: sabe o que? Vai ficar tudo bem. Está tudo bem...
Vivo num lugar lindo, que me surpreende a cada dia, e a vida me parece doce de viver.
Está tudo bem.
E vai ficar tudo bem.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

eu tô vivendo pra isso.

Engraçado como um e-mail pode mudar drasticamente o humor de uma pessoa.
O dia amanheceu ensolarado e lindo. Um pássaro belíssimo entrou no refeitório enquanto eu tomava café da manhã. Matemática não me pareceu um bicho de sete cabeças quando resolvia os exercícios de lógica enquanto lavava minhas roupas.
Volto pra sala de estudos, checo meus e-mails e lá está: nosso university counselor mandou uma mensagem nos falando quantos pontos do IB pedem as universidades nas quais podemos conseguir uma das bolsas do Shelby Davis.
E lá está: Barnard, 38+.
E aqui estou: 35.
3 putos pontos podem me impedir de ir pra universidade dos meus sonhos. How stupid is that?

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

it's the good times and the bad times that we had.

Ele acaba de ir embora depois de passar as últimas três horas comigo. Depois de irmos ao telhado para ver a lua, que finalmente decidiu aparecer no céu tico depois de noites e noites sem estrelas, tomarmos chá na sala de El Coco encarando-nos sem saber o que era a coisa certa a dizer em tal momento para fazer as coisas menos awkward e falarmos demais, até demais. Depois de dizer que sou a única pessoa do mundo capaz de mantê-lo acordado até tão tarde da noite sem que sinta sono.
Ele foi embora me deixando sozinha para escutar uma música, e eu sei que foi vingança por eu tê-lo enviado duas músicas que para mim diziam tudo sobre nós depois do fim. Foi embora depois de me colocar para escutar Entre Remolinos, que diz exatamente o que fomos um para o outro: fuimos casi nada y todo de una sola vez. Manipulador de merda. Sabia que o fato de me ter tocado o cabelo desse jeito enquanto passava a tal música me faria pensar over and over and...
Se agora, quase três da manhã de uma segunda-feira na qual tenho aula às sete, não tenho a mínima vontade de dormir, a culpa é de uma puta música do The Cardigans e da minha falta de equilíbrio emocional durante o ano passado.
E sabe de uma coisa?
Eu não me arrependo de você...
Mesmo assim, ainda me pergunto se a vida seria mais leve sem a presença tão... presente de um passado do qual não sinto muitas saudade. E se essa presença ainda tem algum poder sobre mim é só um: fazer-me sentir que I need some fine wine. And he... he needs to be nicer.

sábado, 13 de novembro de 2010

I need some fine wine and you, you need to be nicer.

São 4:39 pm na Costa Rica. Me encontro na cidade de Santa Ana, sentada na cama que me pertence por alguns meses mais, em um quarto que compartilho com uma francesa e uma estadounidense numa residência feminina com nome de praia, El Coco. Tenho como trilha sonora a música que dá nome a este post, I Need Some Fine Wine And You, You Need To Be Nicer.
Hoje eu acordei doendo. Não por ressaca nem por doença. Acordei doendo de um jeito que não posso explicar de outra forma que não um incômodo profundo que me desce garganta abaixo e desemboca no coração - mas fico feliz que a Danielle (Israel) não entenda português para ler isso e me chamar de concept, haha. Sobre a tal dor: veio sem aviso e sem razão de ser.
Na verdade, tenho umas boas razões para estar exalando alegria.
Em relação ao acadêmico, as coisas estão mais tranquilas agora. Acabou ontem o primeiro trimestre, e já que não há provas só vou focar em EE, world lit, orales de Español. Tanto o SAT quanto o Toefl me pareceram mais fáceis do que eu pensava, o que até me reavivou a esperança de entrar em alguma universidade que realmente me interesse. E eu vejo chance de ter umas predicteds até decentes - seriam bem melhores se eu não fosse um ser humano tão preguiçoso e procrastinador(?).
Quanto ao social, novembro é o mês mais cheio de aniversários do mundo. Por conta disso passei duas das noites mais lindas da minha vida UWC, comendo em Cabo Blanco - uma ex-residência que serve agora de escritório para o staff e espaço social para alunos - à luz de velas com gente que me faz muito bem. Também passei duas madrugadas conversando com primeiros anos que normalmente não passam tempo comigo, o que até me faz repensar meus sentimentos sobre essa geração. Además do fato de ter aprendido mil coisas sobre Índia, física e filosofia numa noite e como perfumes podem ativar diferentes áreas do cérebro, política sulamericana e Colômbia - e sempre é bom saber um pouquinho mais =) E em três fins de semana seguidos houve festas no campus, o que faz com que as pessoas fiquem por aqui. É a coisa mais bonita ver todo mundo dançando junto, desde os chinitos inocentes até os africanos fogosos.
Mesmo assim acordei meio estranha.
Sem razão e sem porque.
Estranha.
Por quê?

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

sem título.

Depois de duas semanas de cão, ficou tudo bem. Já não estou mais doente, e pra quem interessa, a resposta é "sim, sucumbi às drogas". Explicação breve: eu não tomo remédios, acredito mesmo que o corpo consegue se curar da maioria das coisas sem auxílios externos e me parece terrível a ideia de me intoxicar com antibióticos por causa de uma garganta inflamada. É, contraditório vindo de alguém que já gastou uns bons reais, dólares e collones em álcool e tabaco, mas aqui vai outra informação: não ponho um cigarro na boca desde que voltei de Puerto Viejo, onde tive um momento (ébrio) de iluminação enquanto conversava com um israelita e uma espanhola deitada em areias caribenhas de madrugada. Quanto ao álcool, dá-me mais umas sessões com Maria Hon e paro de vez... sobre ela, falo em outro post. Voltando ao assunto principal, tomei os remédios que a enfermeira passou e melhorei.
Com tal melhora veio um pouquinho da minha força de volta e estou em outro nível da minha montanha russa emocional: aversão à relações humanas e devoção aos livros. Me encontro um ser humano antissocial que passa o dia estudando no quarto. O que é simplesmente a melhor coisa que me poderia acontecer à vésperas de TOEFL e SAT's.
Esse será um fim de semana bem atípico: sexta-feira me testarão o inglês, do qual sempre fui orgulhosa ao contar que aprendi sozinha. E só o que consigo pensar é "qual é a regra do in e on mesmo?"
No sábado me testarão inglês e matemática. O sistema de SAT me lembra o de vestibular do Brasil, que eu considero estúpido por demais. É uma prova de três horas onde cai tudo de tudo.
Enfim... são meia noite agora e vou dormir. Preciso.
Me mandem energias positivas, por favor.
PS.: relendo esse post percebi que passei de um assunto a outro de forma deveras aleatória... que feio.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

and it feels like me in a good day.

Semana passada foi North American, Caribbean and Bermudan Week. Eles não tiveram tanto tempo para preparar as coisas propriamente, então não foi tão poderosa quanto a semana européia ou a legendária ¡Semana Sudaca!, mas foi divertido.
Começaram a semana simulando uma segregação, colocando-nos em filas separadas por "white only" e "couloured", e recebendo tratamento diferenciado. Obviamente causou um rendez vous do tamanho que eles queriam. O objetivo é causar barulho o bastante para que as pessoas apareçam na discussão e tenham um aprendizado mais efetivo do que somente escutar uma palestra dada por um ser humano senil que nos faria dormir depois de dois minutos.
Durante a semana houve diversas atividades: dia mexicano, workshop de dança e cultura caribenha, discussões de problemas que atingem todos esses países em comum - como homofobia - entre outros eventos.
Sexta-feira foi o show, cujos pontos que merecem ser citados são o vídeo hilário de puro
nacionalismo canadense mostrado pela Cello, as remexidas de cadeiras haitianas de Rudie e Samantha e os primeiros aninhos americanos Amy (minha buddy) e Evan [pic above], em seu tributo ao Daft Punk que arrancou suspiros de toda a massa feminina do colégio.
Sábado, pra terminar com chave de ouro, foi o Jazz Dinner, onde todos deveriam ir vestidos de algum personagem importante para Canadá, US, México, Caribe ou Bermudas. O cool dessa parte nas semanas regionais é que sempre se descobre um pouquinho mais sobre esses países de uma forma não didática ou cibernética.
Por exemplo, eu jantei ao lado de um Donald Trump e uma Marilyn Monroe israelitas e uma Lucille Ball norueguesa. Eu fui Angela Davis, uma ativista política com muita influência nos anos '60 e '70 nos EUA.
Depois foi o carnaval caribenho, que não é nada parecido com essa coisa sambódromo ao qual estamos acostumados. Consiste em se enfeitar com colares e máscaras, jogar muita tinta colorida pelo corpo todo e dançar usando praticamente apenas o quadril. Foi uma noite deveras interessante e só acabou com o nascer do sol.
Foi uma semana deveras interessante e só acabou quando eu finalmente coloquei um ponto final - mas disso falarei em outro momento...

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

blackbird.

Voltei a ler Osho ontem à noite. Um pouco de background information: Osho foi um líder espiritual indiano cujos ensinamentos chegaram a mim por uma professora de inglês que me deixou de queixo caído quando disse que não queria sentir felicidade excessiva porque isso significaria sentir tristeza excessiva depois. Levei um UWC-year para entender o que ela quis dizer com isso. Algo interessante sobre Osho é que o ashram dele está em Pune, que é ao lado do Mahindra, UWC na Índia.
Bom, voltei a ler Osho depois de chorar ao telefone com pais e irmãos ao telefone por uma hora e listar 4 vezes (uma para cada membro da família) as coisas que me faziam infeliz naquele momento. Abri "O livro da transformação" no capítulo onde havia deixado de ler ainda em Brasília, "Renovação". Continuei minha leitura e encontrei exatamente o que precisava que me fosse dito.
Em suma, é a história de um rei que recebeu de presente de seu serviçal um pedaço de papel contendo palavras de sabedoria que deveriam ser abertas somente em um momento de desespero enorme. Chegado tal momento - quando seu reino foi tomado e ele se encontrava entre um penhasco e os sons dos passos iminentes do inimigo para assassiná-lo - ele finalmente abriu o pequeno impresso que dizia "isso também irá passar". E passou.
Assim como qualquer outro período mais tenso pelo qual já passei, seja aqui ou back home, estou ciente de que irá passar. A ciência desse fato é sempre um acalento. Apesar de haver também o outro lado...
Quando ele reconquistou o reino e preparou um grande desfile de comemoração, o serviçal lhe disse para ler outra vez o pedaço de papel. E porque? "(...) essa mensagem não é só para os momentos de desespero, mas também para os de grande prazer".
Da mesma forma que a tristeza está fadada a acabar, também a alegria tem prazo de validade. E de nada adianta pensar que é possível mantê-la para sempre. A busca por felicidade eterna só leva ao desapontamento - se é que essa palavra existe em português.
Este post foi resultado de um par de noites dormindo cedinho depois de tomar meu remédio para garganta e uns bons litros de chá, chorar até secar a alma, escrever páginas e páginas de monólogos internos no diário... e depois de um par de conversas que me fizeram muito bem.
Pra terminar, este post tem como objetivo dizer à minha família e à Letícia, pessoas que gastaram vários minutos de DDI tentando me acalmar, que eu vou ficar bem, não se preocupem.
blackbird singing in the dead of night, take these broken wings and learn to fly. all your life you were only waiting for this moment to arise. blackbird singing in the dead of night, take these sunken eyes and learn to see. all your life you were only waiting for this moment to be free. blackbird fly, blackbird fly into the light of the dark black night...

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Sorrir, suar e respirar.

Não sei se cheguei a mencionar CAS nos posts deste ano... bom. A sigla CAS vem de Creativity Action Service e são atividades extra-curriculares pedidas pelo IB, com mínimo de três por semestre. Ano passado fiz miles delas porque o dia tinha horas suficientes, mas este ano fico com o número mínimo. Meu Service continuou Clowning, e eu simplesmente amo. Como Creativity faço Spoken Word, que é escrever e recitar poesia. Sou uma pessoa na-da esportiva, então procurei como Action algo que fosse o mais longe possível de ação. Assim, por razões nada profundas, comecei a praticar Yoga ano passado e me apaixonei! Este ano, culpa dos meus horários, não foi possível continuar nas aulas, e resolvi tentar algo ligado a isso, Mindfulness. Encontrei "atenção" como tradução dessa palavra no Google Translator. O objetivo do CAS é fazer com que estejamos atentos a todas as nossas ações, movimentos, por mais pequenos que pareçam, através de yoga e meditação. A vida é tão cheia de atribulações e tarefas que nos esquecemos de sentir prazeres quando são pequenos. Comer, respirar, sentir o ar à volta... tudo isso pode ser extremamente prazeroso.
Nem preciso dizer o quanto me faz bem... ainda mais nestes dias de desespero total. Ontem, por exemplo, além de respirar, sentir o próprio corpo e meditar também dançamos música africana. Não normalmente, mas sentindo cada movimento, being aware... e foi só depois dessa sessão de aliviamento de stress que eu finalmente consegui chorar.
Tentei por muito tempo jogar toda a angústia que estava sentindo para longe de mim, mas estava como que entalado bem debaixo da minha garganta. E foi ótimo colocar tudo isso pra fora. Melhor ainda ter Lucy (US, roomie) e Carolyn (UK, coordenadora de residência) me cuidando. Sempre achei que a melhor forma de resolver problemas era lidando com eles completamente sozinha, mas ultimamente me encontro com uma necessidade forte de estar com gente que me faz bem. Que boba, né?

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

even heroes have the right to bleed...

tenho uns momentos de completo entorpecimento na vida que me impedem de fazer coisas que eu realmente deveria fazer. é mais do que preguiça, irresponsabilidade. é uma nuvenzinha negra que insiste em caminhar por cima de mim por um tempo... e tô fazendo de tudo para tirá-la de mim agora. já tentei banho de mar, banho de chuva, dormir ao som de Norah Jones, não dormir nada, dormir de conchinha, gritar de tanto chorar, tomar sol, tomar rum, massagem relaxante, dançar até estar absolutamente encharcada de suor... só espero que passe o mais logo possível.

domingo, 24 de outubro de 2010

now I'm feeling so fly like a G6!

No Brasil não temos uma cultura de Halloween forte como a dos EUA, então ano passado e este foram meus únicos contatos com essa celebração. O engraçado foi que como primeiro ano e cheia de tempo não fui capaz de fazer a fantasia que queria e acabei sendo só um zumbi meio tosco. Para esse ano a inspiração veio durante as férias. Decidi que seria David Bowie em sua fase Alladin Sane (1973)! E fui :) E a festa foi hiper divertida. Fiquei meio triste de ver que muita gente deixou de ir por conta de trabalhos, mostra do conflito constante entre UWC e IB... mas enfim. Foi uma noite bem bem longa; dormi às 3 am, como há tempos não fazia.
Começou com toda a residência se aprumando: maquiagem e sangue para tudo que é lado, fotos e muito riso. Adoro como essas datas especiais fazem as pessoas compartilharem nem que seja um par de horas de muitos risos... lembro de sentir essa mesma energia antes da parada da independência da Costa Rica e na noite anterior ao Opposite Gender Day.
Minha roomita Marie (França) foi responsável pela música e fez um trabalho maravilhoso. Creio que foi a melhor festa desde que voltei para cá. Foi um dos primeiros contatos que os primeiros anos tiveram com salsa e reggaeton, e foi cômico vê-los tentando acompanhar nosso compasso latino, hahaha!
Depois da festa, sala de estudos de Cahuita e living room de Flamingo... já era tarde e por alguma razão eu não conseguia dormir. Quando estava para desistir, vi o sorriso bobo do Juan Pa (México) pelo vidro enquanto ele me chamava de abuelita (vovozinha) e me convidava para me aventurar pela noite ahahha :) Passamos um tempo na sala de estudos de Montezuma, onde Milton (Nicarágua) tocava violão e Mayan (Israel) lhe acompanhava com um instrumento que parecia uma flauta, mas não sei exatamente o que é. Também estavam lá Hatty (UK) e Alejandro (Venezuela) e falamos do futuro... que os meninos latinos iriam para Columbia - porque Mayan tem que prestar três anos de serviço militar e Hatty é primeiro ano - e eu para Barnard. Que seríamos aceitos mesmo que nossas notas não sejam exatamente o 42 que Harvard pede. Que viveríamos todos apenas uma estação de metrô away from each other.
Meu fim de noite foi chill e eu dormi muito muito bem ao som de Ziggy Stardust - and feeling so fly like a G6.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

preciso de uma reza forte.

Hoje foi um dia ruim. Hardcore. E amanhã conseguirá desbancá-lo.
São meia noite e cinquenta na Costa Rica e eu ainda estudo para Mate e Sistemas. Puto dia para ter provas das duas piores matérias que tenho. Putos dias!
Lhes escrevo da sala de estudos, vestindo pijamas que viraram meu uniforme desde que decidi que estudar era a única maneira de fazer as coisas melhorarem e não saí mais do meu quarto. Já faz bem umas duas semanas - com intervalo para ir à casa do Anders e à praia, claro - que estou morrendo lentamente no meu quarto.
Oh céus, oh vida.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

duas noite à base de guaraná em pó, febre pela manhã e o que será desta noite?

Sabe aquele gás que dá quando você já não tem tempo? Foi essa minha maior inspiração para escrever a parte final da minha EE. Esse foi só o primeiro rascunho, ainda há muito que esculpir. Mas o que quero por agora é recuperar a energia que me foi drenada do corpo totalmente nestes últimos dias, a ponto de me fazer ficar de cama nessa manhã de terça-feira. Por sorte a Leila (minha psicóloga e amiga) passou pelo meu quarto e me achou jogada por lá, me deu remédio e já está tudo bem.
Em duas horas estarei na apresentação de uma universidade só para mulheres em Boston chamada Wellesley College, e depois, entrevista. Minha primeira entrevista. E eu fui boba de não treinar com universidades que não me interessavam tanto... começo com uma que me parece incrível. Antes disso, minha única entrevista (ever) foi para o processo seletivo da UWC, o que teve um atenuante bem decisivo: la lengua. Tudo bem, meu inglês é fluente, mas mesmo assim... só conseguiria me expressar completamente em português - por essa razão voltar para casa nunca deixará de ser uma opção.
Escrevo da mesa entre Malpaís e El Coco enquanto como doce de abóbora com coco que eu mesma fiz e o sol esquenta meus pés. Obviamente estou freaking out. Me desejem sorte.

domingo, 17 de outubro de 2010

and the daffodils look lovely today.

... e foi assim meu october break: quarta-feira toda trabalhando na tal EE, com uma pausa noturna para tomar uma Imperial com as meninas no Amigos, aproveitando o fato de que não haveria primeiros anos por perto. Éramos eu, Danielle (Israel), Susanne (Noruega), Síuan (Irlanda) e Sarah (Bermuda). Foi quando percebi que havia muito tempo desde a última vez que estive no amigos. E eu, inocente, pensando que tudo seria do mesmo jeito no segundo ano...
Mais trabalho na quinta, até que os primeiros anos voltaram e preparamos um show para recebê-los. Alguns passdowns, alguns sketches novos, tudo meio improvisado. Creio que foi mais divertido para a gente do que para eles, na verdade... anyways... tentei agilizar meu trabalho o máximo possível e não dormi nesta noite. Trabalhei até as 4:30 am e às 5 am já estava entrando num táxi pra ir à rodoviária com Amy (US), Oskar (Noruega), Marie (Noruega), Nitai (Israel), Diego (Espanha), Andrés (Venezuela), Evan (US), Asa (Noruega), Hatty (UK), Alejandro (Venezuela) e Juan Pa (México). Partimos de San José às 6:15 am e depois de 4 horas de viagem, Puerto Viejo!
Esse lugar é incrível. Mesmo sem o sol que desejávamos, foi delicioso ser docemente afogada pelas ondas caribenhas. Quase no fim da tarde chegou a chuva, e com ela um tanto de gente do colégio. Devo admitir que preferia quando éramos um grupo pequeno, mas tudo bem... ossos do ofício. Tomamos banho de mar até anoitecer e saímos pela cidade para caminhar, eu e as norueguesas. Logo quando voltamos para nosso albergue, world famous Rocking J's, começou um show por lá.
Mais tarde, quando acenderam a fogueira, Emai (Chile), Jorge (Costa Rica), Cello (Canadá) e Simon (Bélgica) apanharam seus instrumentos e viraram a atração do albergue. Foi lindo ver a canadense tocando banjo, e meu chileno kicks ass quando toca percussão. Depois de um tempo por lá fomos dançar ragga no Johnny's Place, um dos nightclubs mais famosos de Puerto Viejo.
Preciso dizer que foi de-li-ci-o-so? Depois de tanto tempo indo a festas com somente reggaeton e eletrônica mainstream me fez muito bem ir para uma jogação de verdade. Não tenho nem idéia da hora que voltamos para o albergue. No outro dia, sorvete, mais banho de mar e chilling. Choveu de novo e só o que me passou pela mente foi que nada fazia mais sentido do que estar vivendo aquele momento. Deitei na areia e sentia as gotas gélidas de chuva darem pequenos choques pelo meu corpo enquanto as ondas mornas golpeavam levemente meus pés. E senti paz outra vez. Depois de uma semana louca em todos os sentidos, consegui me elevar ao estado de paz que me parecia surreal quando senti pela primeira vez: sem tristeza excessiva, sem alegria excessiva. Just fine.
Foi nesse estado de mente (assim se diz em português?) que resolvi caminhar sozinha pela hora anterior à partida de volta para casa. E nessa caminhada consegui pôr em ordem os fragmentos de pensamentos que flutuavam em minha cabeça nos últimos dias e me impediam de trabalhar mais com eficiência. Ou de dormir mais em paz. E o que mais me gusta em sair para caminhar sozinha é que assim sempre dá para conversar com gente na rua, ouvir uns bons contos. Acho que é meio da natureza humana abrir-se completamente quando alguém se mostra interessado em ouvir o que você tem a dizer. Como já disse Almodóvar, "há detalhes que não se pode criar, há que documentá-los". Por isso me encanta conhecer pessoas, roubar seus trejeitos e histórias, fazer de suas palavras meu combustível. Se "o poeta é um fingidor", o escritor é um roubador com precisão aquilina.
Foi em tal caminhada também que encontrei algo que simboliza as mudanças pelas quais passei ultimamente por aqui: un gato hermoso. Sobre o significado... deixo para outro post. Já lhes devo ter cansado com minhas viagens interiores e ainda tenho umas centenas de palavras a escrever até amanhã...
no more crawling like a crow for a boy, for a body in the garden,
no more dreaming like a girl so in love, so in love,
no more dreaming like a girl so in love, so in love,
no more dreaming like a girl, so in love with the wrong world.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

"a vida é curta", me disse a espanhola.

Obviamente não consegui escrever as 3500 palavras que gostaria de ter escrito. E sim, é irresponsabilidade não fazer isso a-go-ra. Porém eu me permito ser irresponsável neste momento da minha vida. Me traio e descumpro mais uma das minha promessas, mas who cares?
Preciso, preciso, preciso sair daqui. Preciso respirar. Preciso forte nadar no mar e lavar a alma.
Então... me perdôo. E sei que essa escapadinha me vai fazer muito bem.
(post #150)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

mid-term break = EE break.

Não ouvimos os membros dos nossos comitês nacionais, nossos terceiros anos, nossos segundos anos... passamos o verão na esbórnia, dormindo doze horas por dia e deixando os afazeres do colégio para depois. "Vai ficar tudo bem", pensamos, com a doce ingenuidade de quem já não é mais primeiro ano, mas ainda não é completamente segundo ano. Até que o verão acaba e a maratona UWC começa outra vez: Socialize>Study>Sleep. E a um mês de entrega do primeiro rascunho da temida EE (monografia) parece mais fácil mudar de Filosofia para Espanhol, porque já não há tempo de investigar...
E o mês vira 6 dias. E, apesar de ter uma pergunta de investigação, umas fontes meio consistentes e uma idéia na cabeça, há apenas 206 das 4000 palavras que você precisa. Pânico.
Porém, as pessoas aqui são boazinhas... há um break! Acampamento para os primeiros anos e feriado para os segundos anos. O campus está vazio; a biblioteca e as salas de estudo, cheias. Agradecemos à ausência dos desocupados primeiros anos, que são apenas tentação quando não precisam nem pestanejar para responder "Yes!" quando a pergunta é "are you going out?". Desocupados, é isso que são. Vida de primeiro ano é fácil.
Lhes escrevo do terceiro dia do break. Tenho uma introdução de 429 palavras e essa é a única coisa que eu posso dizer que está "done!!". O resto 'tá desorganizado e necessita polimento. Mas eu preciso acabar hoje. Meu corpo pede, grita, implora por Puerto Viejo! Quero tomar banho de mar nas águas do Caribe...
Mas só vou se atingir ao menos 3500 palavras HOJE.
Me desejem sorte.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

127 na noite, 6 no dia.

09/10 e 10/10... AMAZING! :)
Anognya (Índia), Shay (Israel), Hatty (UK).
Amalia (Espanha), Ejiro (Nigéria).
good morning, sun shine!
Lotta (Alemanha), Oskar (Noruega), Asa (Noruega).
Anders (Suécia)
Lotta (Alemanha).
Marie (Noruega)

sábado, 9 de outubro de 2010

dormindo fora de casa.

Há muitas coisas ruins em sair de casa, em morar num campus... a maioria delas são aquelas das quais já reclamei tantas vezes neste blog. Porém há duas coisas que são pequeníssimas, mas fazem toda a diferença. A primeira delas é andar de carro. Primeiro, porque andamos de ônibus o tempo todo. Obviamente também fazia isso morando no fim da Asa Norte, ainda mais porque tenho a sorte de viver ao lado de uma parada de Zebrinha. A diferença é que aqui, quando não há possibilidade de usar transporte público, o que nos resta a fazer é pedir um táxi. Oh, deus, costa rican cabs! Uns motoristas loucos, que correm mais do que tudo e ainda buzinam a cada esquina! Um asco. E dá saudades de escutar Ben Harper no Sandero do irmão.
A outra coisa é estar em uma casa. Depois de um ano vivendo em El Coco, posso chamar minha amadíssima residência de home, mas... não é um lar. Não é simplesmente o fato de dividir o quarto com meninas que não são da minha família... é mais sobre dividir o teto com mais de 20 garotas com mudanças hormonais tão (ou mais) radicais que a minha, sobre não ter uma mamis dando colo quando a vida tá muito tensa ou pai censurando vestidos curtos. Também é sobre coisas que não dá para ter em um ambiente onde (quase) tudo é compartilhado.
Então hoje, depois de uma daquelas semanas quando só se sobrevive por conta de muito café, pílulas de guaraná e apoio de amigos, vou dormir fora. Eu e mais umas 10 pessoas dormiremos na casa de um dos day students do colégio, Anders (Suécia). Antes disso, haverá uma festa. E metade do colégio deve aparecer por lá.
I gotta a feeling that tonight is gonna be a good night.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

um terremoto.

Hoje à noite estávamos na living room comendo bolo das aniversariantes de setembro quando as janelas e portas de vidro começam a balançar e balançar e balançar... saímos da residência até os tremores passarem. Sofremos o primeiro terremoto do ano. E muitos primeiros anos sofreram o primeiro terremoto da vida deles. Um grandinho: 5,9.
Lembro que achei super cool quando passei por tal experiência de sentir tudo à minha volta mover-se enquanto estava sentada na sala de estudos com a Nabila.
Dessa vez foi diferente. Ainda me lembrava do treinamento que tivemos ano passado e só o que pensei foi "god damn, tenho que fazer esses primeiros anos irem pra frente do anfiteatro!"
Me senti a segundo ano responsável, hahaha.
Enfim, deu tudo certo... o epicentro foi um pouco fora de San José, então não causou danos.
Só um sustinho.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

caminho em frente pra sentir saudade.

Estou bem estressada por conta dessa bendita monografia e minha incapacidade de organização. Obviamente farei algo que deveria ter sido começado durante as férias em uma semana. Congrats! Adicione a isso meus distúrbios emocionais usuais e o pior agravante possível: TPM.
É a medida perfeita pra um nervous breakdown daqueles. A gota d'água foi receber um e-mail de uma das minha melhores amigas, Natália, me contando que amanhã elas viajam pra Porto Seguro.
Background information: durante nossa viagem aos Estados Unidos em 2007, planejamos outras duas: uma de verdade, outra utópica. Porto Seguro durante nossa "Semana de Saco Cheio" e Las Vegas quando a Fê completasse 21 anos (hahaha, lembra disso?).
Quando li tal e-mail, resolvi dar uma pausa nos estudos e dar uma "fuçadinha" no Orkut dos meus amigos e... foi uma péssima ideia. Só serviu para me lembrar que já não estou lá. Que não vou encontrá-los na segunda-feira para perguntar "qual é a boa do finde?" Que não rola de ver o pôr-do-sol na Torre depois de uma semana daquelas. Que estamos crescendo, mas em direções diferentes. Me dói pensar que a cada passo que dou, me distancio um pouquinho mais dos meus amores*.
Hoje, depois de muito tempo, senti aquele aperto no coração e uma vontade monstruosa de entrar no próximo avião com destino ao Aeroporto Santos Dumont - Brasília, Brasil. Quis como nunca tomar um cappuccino no Savana com a irmã, bombar no 5uinto com as amigas, ir ao clube com a mamis ver papai jogar futebol ou escutar música alta com os vidros do carro abertíssimos enquanto atravesso a cidade pelo Eixo com o irmão.
Mas, porém, contudo, todavia... "saudade é bicho que dá e passa".
Post escrito ao som de: Just My Imagination, Janta e TV Family.
*E hoje eu me registrei pro SAT de novembro. Sim, farei SAT, SAT Subjects, Toefl e... aplicarei para os Estados Unidos.
"Caminho em frente pra sentir saudade".

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Estou confusa.

preciso de inspiração urgentemente. antes que eu desista de escrever.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

o que você quer?

Tempo aqui onde estou não é como tempo aí onde você está, isso é certo. Por mais que tenha voltado a viver aqui em casa há apenas seis semanas, já passei por tanto, tanto, tanto...
O que lhes contarei aconteceu há pouquinho menos de um mês. Nesta "época" havia um certo primeiro ano batendo na porta do meu quarto a cada dois segundos. Hoje em dia, o máximo de contato que temos é quando nos esbarramos no corredor e ele se obriga a me dar "hello" - pobres primeiros anos que não sabem distinguir amizade de qualquer outra coisa e acabam magoadinhos.
Mesmo assim, não esqueço de uma certa conversa que tivemos na sala de estudos de Malpaís. Eu lhe contava da confusão sentimental que foi o final do meu primeiro ano enquanto ele brincava com meu lápis de veludo verde. Quando terminei a história, ainda brincando com o tal lápis, me perguntou:
- Do you want a man or a Marlboro?
- Como assim? Se eu quero um homem ou um Marlboro?
- Sim... você quer estar com alguém ou simplesmente satisfazer um desejo, ou pior, um vício?
Me peguei pensando nisso agora há pouco enquanto, ironicamente, fumava um dos últimos cigarros do que prometi a Danielle (Israel) ser o último maço comprado por mim. Pensei em como essa mentalidade meio free love que sempre achei a coisa mais natural do mundo pode ser prejudicial na construção emocional de alguém. Especialmente de uma mulher.
Por esse devaneio meio random, culpem minha monografia: tenho que entregar o primeiro rascunho em 14 dias. Me pergunte quantas palavras tenho... aliás, não pergunte não.
Lhes deixo e volto a pesquisar sobre esse assunto que me interessa tanto: estereótipos da mulher tendo como enfoque seus relacionamentos amorosos. Me desejem sorte nessa loucura que é escrever uma E.E.
Post escrito ao som de Florence and The Machine e cheio de saudades da irmã, com quem dividi o quarto durante as férias e passei tantas noites falando de amor...

domingo, 3 de outubro de 2010

exercendo o direito de cidadã.

Lembro de ter meus onze anos e fazer meu pai ir comigo a um escritório do PT ao lado do Conic para conseguirmos material de campanha. Não entendia nada, mas achava o máximo que o Brasil estivesse em tão grande alvoroço pela possibilidade de eleição de um "presidente do povo". E foi lindo ver tão bela festa de tomada de posse; gente junta, comemorando essa mudança de ares tão necessária. A reeleição era uma certeza e nem tenho registro de tal na minha memória.
Desde que descobri o que diabos era política sempre me interessei e tive muita vontade de envolver-me com isso. Me parecia uma arma eficaz para lutar pelo que acreditava/acredito.
Ironicamente, na primeira vez que me é permitido votar, estou vivendo fora do meu país, a par dos acontecimentos apenas pela metade. Só assisti a um dos debates, o primeiro, enquanto ainda estava em Brasília. Foi um daqueles dias lindos das férias que terminaram na casa dos Garcia que eu amo tanto - este foi um comentário irrelevante, mas quero que eles saibam que penso nessa e em todas as outras noite bonitas que compartilhamos com carinho.
Bom, pelo menos um pouquinho pude participar: hoje de manhã fomos Emile, Marina e eu ao Centro de Estudios Brasileños, ao lado da nossa embaixada e votamos. Depois de passarmos a viagem de ida toda discutindo antigos governos e atuais candidatos, nenhuma mudou de ideia.
Não sei se lhes interessa, mas aqui está meu voto: Marina Silva. E desde sempre soube que haveria segundo turno entre outros dois candidatos. Nem pensei em mudar meu voto por isso; nunca votaria em alguém só para evitar o tal transtorno de voltar à urna. Meu voto foi por alguém que me parece extremamente capaz e cujas propostas gritam "mudança".
Bueno, só queria comentar: quem vive internacionalmente só é brasileiro pela metade...

sábado, 2 de outubro de 2010

ou não...

Celebração antes da hora dá nisso:
estamos fazendo as malas de novo.
"Just in cases".

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

estamos a salvo.

Abner: o que você achou do alerta de ontem?
Bethania: bastante estúpido. acho que o colégio fez muito barulho por nada. creio que queriam mostrar aos Comitês Nacionais que estão preparados para qualquer situação depois do fiasco dinamarquês*. esse colégio sempre faz escândalo desnecessariamente.
Abner: (risos) não entendo como ninguém perguntou de onde veio essa informação antes de confiar cegamente. seria a primeira coisa que eu faria se estivesse no início da reunião.
Bethania: tinha certeza que era um exagero. nem fiz minha mala. me preocupou muito mais a situação no Equador. tentei ver as notícias em EcuadorInmediato, mas a internet estava terrível.
Abner: estava assistindo na TV (...)
Estamos bem, gente. Aparentemente o deslizamento não alcançará o colégio.
E sabem o que? A presidente da Costa Rica, Laura Chinchilla, usou nosso campo de futebol para pousar seu helicóptero e ir visitar pessoas afetadas pelo deslizamento. Ouvimos o helicóptero chegar... passou 20 minutinhos, e ouvimo-lo ir embora. Que mulher caridosa essa, hein?! Político é político em qualquer lugar do mundo...
*sobre o "danish failure" falarei em algum outro momento.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

ALERTA.

Essa é uma daquelas histórias que serão bem divertidas de contar no futuro e que provavelmente vou me gabar do quanto viver na Costa Rica me atiçou o espírito aventureiro. Porém agora é simplesmente incômodo.
Estamos na época de chuva e é de praxe chover no fim da tarde. Com isso estamos acostumados. O que aconteceu nestes últimos dias foi que não parou de chover o tempo todo e isto causou um deslizamento em uma das montanhas aqui na área de Santa Ana. Aparentemente, há perigo de esse "pedaço de montanha" obstruir um rio. Caso continue chovendo depois da obstrução, o tal "pedaço de montanha" poderá ser arrastado até Santa Ana Centro, onde o colégio é situado.
Os alunos foram instruídos a fazer uma malinha pequena pro caso de o colégio precisar ser evacuado. E nessa estou: vou fazer minha mala para a possibilidade de uma enchente atingir minha casa.
Para saber como anda a situação se nos cortarem energia e internet e comunicação se tornar impossível por uns dias, aqui está o site onde haverá notícias relativamente atualizadas: UWC Costa Rica.
Nos desejem sorte!

ao mesmo tempo...

... olha a loucura que tá acontecendo no Equador.

domingo, 26 de setembro de 2010

que ya no sé si voy o estoy de vuelta.

Abri a porta do quarto, parei em frente ao espelho e ali fiquei sorrindo como boba. Lucy levantou os olhos da tela de seu laptop e disse "O que aconteceu? Você desapareceu o dia todo!" ao que lhe respondi "Tive um dos melhores dias da minha vida UWC".
Encontrei Amália (Espanha) quando voltava de uma visita a Tortuguero e acabamos conversando por uma hora na rede antes de decidirmos comer uma sobremesa no restaurante italiano que é segunda casa do pessoal aqui do colégio, Ramiro's. Enquanto esperávamos por nossa comida, Tino (Líbano) sentou-se conosco e ali ficamos por outra hora, falando das coisas mais aleatórias que se pode imaginar.
Estas duas pessoas são umas coisas na minha vida! Ama é uma das pessoas mais incríveis que já conheci... e ela diz o mesmo de mim. Nos amamos horrores! E, mesmo assim, nunca manejamos passar tempo suficiente juntas. Então sempre que nos vemos assim, por sorte, aproveitamos muito bem a chance. Conversamos como se fôssemos as pessoas mais próximas do mundo... porque assim nos sentimos. E o Tino... bem, ele é um ser humano muito peculiar. Ele é um dos melhores amigos da Marie (França), então sempre tivemos um ligeiro contato. Porém somente este ano tivemos oportunidade de realmente conversar e nos aproximamos muito. Um domingo desses nos encontramos no Amigos e depois de um par de cuba libres ele me disse: "Passei o ano passado todo tendo uma má impressão sua e descobri agora o quanto gosto de você..."
Quando voltamos ao colégio, encontrei a Clara (Paraguai), que me procurava para irmos ao show incrível que esperamos a semana toda por - não sei se essa construção semântica faz muito ou qualquer sentido em português, perdão por isso. Fomos eu, Clarita, Elena (Bélgica), Misa (Japão/Nova Zelândia), Janne (Finlândia) e Simon (primeiro ano da Bélgica). O concerto foi no teatro do colégio onde The Ex estudava antes, Conservatorio de Castella e ele nos esperava na porta. Logo que entramos o espetáculo começou.
A primeira banda, Amarillo, Cian y Magenta, é simplesmente incrível. Suas músicas são instrumentais e deliciosas, tanto para relaxar quanto para dançar. E não foi possível assisti-los sentada; na segunda música fomos para detrás das cadeiras.
Eu estava dançando loucamente de olhos fechados quando senti alguém tocar meu braço. Era uma guria com crachá da produção. "Entiendes español?" Respondi que sim. "Eu vi que você tá dançando aqui... se quiser pode ir para o espaço perto do palco, onde aquela senhora está." A tal senhora a qual ela se referia era uma hippie gringa com quem conversamos sobre vibes e energia positiva... uma figurassa.
A segunda banda, Malpaís, conseguiu ser melhor ainda. Já os havia visto ao vivo, no início do ano passado, mas não os conhecia e não aproveitei o bastante. Desta vez foi diferente. Cantar "pero quien mal comienza mal acaba" a plenos pulmões e acompanhar todas as canções sabendo as letras fez tudo melhor. No meio da minha música preferida, chegaram Sofia (Equador), Maria Alejandra (Colômbia) e Malena (Uruguai), e foi tão lindo vê-las neste exato momento. Dançamos, gritamos e suamos até não poder mais! Nem sei que adjetivos posso usar pra descrever...
A última banda a se apresentar foi Son de Tikizia, que dizem ser o melhor grupo de salsa da Costa Rica. E não ficou por baixo... dancei da primeira à última canção sem nem parar pra descansar. By the way, descobri que o tal sangue latino também corre nas veias do primeiro aninho belgo, que foi meu dance partner até o fim da noite.
Voltamos só meninas de ônibus; eu deitada na Sofia, todo mundo tentando se recuperar de toda a ação. Compramos comida gordinha no Cachiburguer e comemos no Amigos. Quando voltávamos pro cole, começou uma chuva louca que nos deixou encharcadas. Foi o final perfeito para uma noite inesquecível.
Em dias como este me encanta estar neste país!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

"una vez en Kula, siempre en Kula"

Eu não tenho Biologia, nem Física, nem Química. Nunca gostei de ciências, então quando cheguei aqui e vi que havia uma matéria classificada com Ciência e Humanidade ao mesmo tempo, não pensei duas vezes: Sistemas Ambientais e Sociedades é para mim!
Durante meu primeiro ano tive aulas com um ser humano que não deixou boas lembranças pra nada... e perdi mais ainda a fé em ciências.
Este ano tenho uma nova professora, Shirley, que nos disse na primeira aula que não queria que essa fosse só mais um matéria que estudamos para ter um diploma, mas que fosse algo que levamos para a vida.
Sempre quis mais do que análises e laboratórios. O que temos agora são discussões sobre algo que é esquecido muito facilmente pelas pessoas: que qualquer sistema está conectado e que não se pode fechar os olhos para problemas que parecem distantes... porque não estão. E cada uma de nossas ações pode ter mais influência do que se pode imaginar.
Hoje falamos de fome. Sabia que no Congo 69% da população passa fome? Quem são os 31% que com comida na mesa todo dia..? O governo, os estrangeiros... quem mais?
O que mais me deixa triste é que nem num colégio como este em que estou tais temas são citados suficientemente. E me dá medo de virar só mais uma riquinha que se refere à "África" como um todo e se gaba de ter estudado num UWC. Espero nunca virar parte deste tipo de sistema.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Persepolis.

Listen. I don't like to preach, but here's some advice: You'll meet a lot of jerks in life. If they hurt you, remember it's because they're stupid. Don't react to their cruelty. There's nothing worse than bitterness and revenge. Keep your dignity and be true to yourself.
(lhe roubei um post, Diana, mas por uma boa causa. e espero por um e-mail teu em minha caixa de entrada)

danem-se os astros, os autos, os signos, os dogmas...

Decidi que a única coisa que faria sentido naquele momento era tomar um café no Doris. Peguei minha bolsa, me pus um xale carmim e saí. Sentei no bar do restaurante, pedi um cappuccino e escrevi umas várias páginas no diário, porque senti uma vontade louca de pôr em palavras todos os pensamentos que andaram passando pela minha cabeça nesse domingo improdutivo.
Bem mais tarde, quase na hora de dormir, olho minha caixa de entrada e lá está um e-mail do irmão me dizendo algo como "parece que você está mais independente nessa nova fase, adaptada a viver sozinha".
Como prova de que Adriano e eu somos siameses ligados pela mente, compartilharei um trecho do que escrevi durante esta tarde:
"(...) resolvi ler o mês de setembro de 2009 do meu blog para lembrar o que sentia - ou simplesmente porque sou assim de egocêntrica. a conclusão a que cheguei foi a mais óbvia possível: tudo está diferente. sinto que cresci muito e estou muito feliz de ter registros escritos de tal mudança. o que mais me parece diferente é que agora eu me controlo. não fico tresloucada sob pressão. (...) outra mudança evidente é a maneira como me vejo: sou uma mulher, não uma menina. e me respeito muito mais. (...) cada dor ensina algo... e aquelas que vivi me ensinaram a tomar responsabilidade pelas consequências de minhas escolhas."
Esse foi pra ti, irmão... escrito ao som de Bob Dylan e temperado com muita, muita saudade. Esqueci de colocar na réplica ao teu e-mail, mas aqui está: Eu amo você.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

any last words?

Estávamos fazendo uma atividade para entendermos o porquê de fazer serviço social aqui no colégio e o que poderíamos melhorar no sistema já existente. Todos os alunos, primeiros e segundos anos, foram divididos em grupos aleatórios para realizar tal atividade.
Depois dos jogos e discussões, enquanto Clarita (Paraguai) nos dava as últimas instruções, me pus a olhar o círculo de pessoas na sala de aula #1. Éramos 22 pessoas de 20 diferente países!
País de Gales, Alemanha, Paraguai, Afeganistão, Venezuela, Áustria, Índia, Bélgica, Costa Rica, Barbados, Polônia, Bolívia, Trinidade e Tobago, Canadá, Nigéria, Equador, Estados Unidos, Israel, México, Brasil.
Todos esses países em uma só sala. O que senti imediatamente foi uma onda de alguma emoção muito forte me trazendo água aos olhos.
Então quando a Clara perguntou se alguém queria compartilhar algum último pensamento, levantei minha mão sem hesitar.
- Look around this room. We have 20 different nationalities represented here... this is the only time you'll ever experience something like that. This place is just amazing. Take advantage of it.
- Dê uma olhada à sua volta. Temos 20 diferentes nacionalidades representadas aqui... e está é a única vez que vocês terão uma experiência como essa. Esse lugar é simplesmente incrível. Aproveitem isso.
Disse isso quase deixando uma lágrima cair pela minha bochecha.
Quando saímos da sala, Ejiro (Nigéria) me abraçou e disse que entendia o que eu estava sentindo. Que era terrível que a experiência fosse tão curta - um ano como freshman e outro como senior. E que por mais que o fim fosse uma dor certa, tínhamos muita sorte de viver algo tão singular.
Claro que sempre tive isso como certo. Mas pela primeira vez realmente senti isso. Depois de mais de um ano como UWCer.
Não poderia concordar mais com Ej... esse lugar me maravilha cada dia mais.
(post feito paralelamente leitura do blog do meu co-year no Pearson (Canadá), Vicente)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Independência da Costa Rica!

Meu primeiro pensamento de hoje foi: eu não acredito que o Juan Pa (Venezuela) não está aqui...
O que passa é: hoje teve o desfile de Independência da Costa Rica e, no ano passado, as melhores fotos foram provenientes do talento dele... que já não está aqui conosco.
Para os segundos anos, o dia teve uma mescla tensa de saudades. De nossos segundos e de nós mesmos. Porque nos demos conta de que esse seria nosso último desfile pelas ruas de Santa Ana vestindo nossos trajes típicos e carregando (orgulhosamente) nossas bandeiras sob um sol matador enquanto os moradores se amontoam para tirar fotos nossas/conosco.
Esse é um momento lindo que vivemos aqui, quando é perceptível que estamos num Colégio do Mundo Unido de fato. Essa coisa de globalização faz todo mundo ser meio parecido, então é belo ver as holandesas em seus vestidos de camponesinhas doces ou as africanas parecendo princesas - se tem um continente com national costumes interessantes é África!
O ápice da beleza para mim é ter fotos com um grupo de pessoas que inclui Israel, Bolívia, Afeganistão, Hong Kong, Venezuela, Etiópia, Filipinas... não é a coisa mais onírica que poderia existir?
Me encanta isso, me encanta estar aqui e poder representar o Brasil. Sambar no asfalto quente e queimar meus pés, responder a perguntas bestas sobre meu país, ensinar português a quem queira aprender... Me encanta pensar que o mundo pode ser assim: centenas de nações saindo pelas ruas carregando as bandeiras uns dos outros e caminhando lado a lado.

domingo, 5 de setembro de 2010

easy like sunday morning.

Estamos sem internet decente desde que voltamos do acampamento, e só hoje pude limpar meus e-mails, escrever para um par de gente, pesquisar sobre a vida futura... Estou aqui há exatamente duas semanas e parece que muito mais tempo já passou. Muito mais vida já aconteceu... e me encanta isso.
Durante o ano passado todo tive medo de ir embora sem levar pessoas que realmente me importam. Porém estes dias me mostraram que é mais que certo que encontrei soul mates aqui; gente que farei de tudo para encontrar depois que acabe a experiência... gente que já virou parte de mim.
Desculpe pelo melodrama.
É que nesse momento eu 'tô apaixonada pelos meus amigos. Apaixonada por nossa intimidade. Apaixonada pelo que somos um para o outro.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

every new beginning comes from some other beginning's end.

Eu detesto acampamentos. Ainda mais estes acampamentos intensos e, em minha opinião, depressivos aos quais somos submetidos aqui no UWCCR.
Previous information: meus primeiros dias de primeiro ano foram um inferno. Eu chorava horrores e queria ir pra casa de qualquer jeito. E não foi diferente no acampamento. Felizmente, tive dois seres humanos maravilhosos como Líderes de Acampamento, Tora (Noruega) e Juan Felipe (Colômbia)... e pelo bem que eles me fizeram, lhes prometi ser Camp Leader no meu segundo ano.
Outra informação que lhes devo dar: estive um caco nos primeiros dias de segundo ano também.
Um dia porque Hannah (Holanda) me mandou um e-mail descrevendo seus sentimentos com a chegada dos primeiros anos ano passado e foi exatamente o que eu sentia naquele momentos. Outro dia porque passei uma hora falando com Natasha (Dinamarca), e queria que ela estivesse aqui comigo. Num outro porque já não tenho Elena, minha belga hermosa, pra me abraçar antes de dormir. E era esse meu estado: uma Camp Leader que desejava fortemente que seus campers não estivessem aqui.
Sem muitos detalhes - vai que um futuro UWCCRer anda lendo este blog - posso dizer que correu tudo bem. Claro que algumas lembranças foram demais e muitas lágrimas correram. O momento mais crítico foi quando Oscar (México), ex-namorado da Nati, tocou Better Together - nossa música com nossos segundos anos - e choramos, Danielle (Israel)
e eu no colo da Linnéa (Suécia).
O que mais me importava nesse acampamento era cumprir minha promessa e isso eu fiz: fui a melhor Camp Leader possível. Pra ti, Juan Fe, e pra ti, Tora.
UWCCR - 2011/2012

domingo, 29 de agosto de 2010

então chegaram os outros.

O primeiro a chegar foi o primeiro ano da Malásia, Johan. E os guris de Malpaís enlouqueceram, prepararam uma "cerimônia" de boas vindas deveras peculiar... bueno.
Depois foram chegando um a um os Day Students e, finalmente, o primeiro ônibus. E desceram aquelas pessoinhas amedrontadas por toda a efusividade que demonstramos.
E foram chegando mais e mais ônibus, mais e mais caras novas para lembrar o nome e a nacionalidade. Mais e mais estranhos invadindo nossa casa.
Ao mesmo tempo que era gostoso recebê-los, abraçá-los e dizer "Bem-vindo ao lugar que você chamará de casa por dois anos", era simplesmente cansativo se apresentar dez vezes por hora, inclusive pra pessoas com as quais um já havia tido contato. Como eu disse no último post, os sentimentos aqui estão indo de um lado a outro sem parar...
Aconteceu de nos encantarmos por alguns primeiros anos à primeira vista! Um exemplo? Minha roomie: "Lucy, from California". Uma das primeiras coisas que ela me disse foi, "eu trouxe alto-falantes... tem algum problema?". Espero que vocês consigam imaginar meu sorriso ao constatar que a menina era tão maluca quanto eu e Marie. Clicamos na hora. E passamos a primeira noite dela conversando à luz de velas, no deliciosamente bagunçado #1 de El Coco. Aliás, a maioria das meninas da residência são primeiros anos, e incríveis também. Minha vizinha escandalosa de Barbados, Anya; a irlandesa estranha, Dee; a norueguesa blasé, Marie; a doce venezuelana que é o oposto dos falsitos segundos anos, Ximena; a nicaraguense cool, Chandrey... Saindo de El Coco e passando por Flamingo, lhes conto da minha primeiro ano, Beatriz. Ela é tão doce quanto achei que seria e adoro mesmo ter alguém para cuidar :)
Hun... lhes conto agora um lado mais engraçado da vida de segundo ano. Bom, desde o final do ano passado, quando soubemos quem seriam nossos primeiros anos, começou uma caça aos Facebooks para saber quem era quem. E já haviam Os e As primeiros anos mais esperados... if you know what I mean. Então quando chegou o guri dos Estados Unidos, os falsitos de Malpaís foram à nossa residência anunciar: "EVAN O'BRIEN ARRIVED!". E a frase que mais fez sentido para o momento foi uma quote de nossos segundos anos da Venezuela e dos States, Salvador e Victor: "Let the games begin!" Hahaha.
Lhes conto isso porque foi um momento muito especial pra mim; quando senti o quão delicioso é ser segundo ano. Simplesmente porque estava entre meus amigos, porque nos conhecemos tão bem e porque temos suporte uns dos outros. Porque tenho meus cúmplices em todos os momentos. Porque posso me dar ao luxo de ser eu mesma, me fazer de boba e certamente terei alguém comigo.
Me senti feliz por estar em meu segundo ano e me senti mal pelos primeiros anos, que se apegam à primeira coisa que lhes vem pela frente. Que pensam precisar ser outra pessoa para impressionar os segundos anos. Que simplesmente estão sozinhos.