quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

domingo, 24 de janeiro de 2010

once more with feeling

Acabo de voltar do anfiteatro, onde colocaram velas e almofadas, e quem quisesse lia algum conto. Está um clima bem gostoso, ainda mais depois do jantar medieval que tivemos. Terminou hoje a Semana Européia, preparada em pouquíssimo tempo e hiper bem feita. No jantar, estávamos fantasiados de personagens medievais e a cafeteria estava iluminada apenas por luz de velas. À tarde teve English Tea Party, seguida pela exibição de um filme do Monthy Piton, o que foi extremamente divertido. Hoje choveu do nada... e eu resolvi tocar flauta pela primeira vez em muito tempo. Me fez bastante bem... 'Tô até pensando em tocar na semana sudaca (como são chamados os sulamericanos por aqui). Não 'tô muito inspirada. 'Tô meio gripada ou seja lá o que seja isso. Só sei que vem de stress... essa foi uma puta semana difícil. São tipo dez da noite e eu considero forte a idéia de deixar o dever de Espanhol de lado, tomar algum remédio israelense (a Danny é nossa fonte de cura, já que a chica tem uma farmácia própria) e me jogar na cama. Ou não.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

sobre espelhos e mensagens (1/3)

Ontem, quando ia de uma classe para outra, havia uma mensagem no chão; "I want you, I want you so bad" estava escrito em letras recortadas de folhas de revista no chão do corredor principal. Ninguém sabe, ninguém viu quem fez a obra. Creio que só os dois enamorados... Hoje, quando acordei e fui ao banheiro, fui surpreendida com uma mensagem também cortada em papel no espelho: "you are beautiful!". Outra vez ninguém sabia a fonte... entre um burburinho e outro, uma fofoquinha e outra descobrimos de onde veio a última mensagem: Hannah (Holanda), que by the way é uma puta d'uma artista talentosa, acordou com vontade de fazer aquilo, para lembrar-nos diariamente que cada uma de nós é única e linda; - did you like it? I just think we should do another, a really pretty one to keep permanently. São as coisinhas bonitas de viver no campus :)

I love you? (2/3)

- stop mocking me! - I'm not mocking you, my love, my dear..! - what did you say? - my dear. - no, before. - my love... - don't ever say that again. - what? - that I'm your love. do not say that. I overthink everything and I don't have the time to think about the little things you say. - but... but I love you. the problem is that there's no difference in english. what if I want to say something to you? what if I want to say que te quiero? porque te quiero muchisimo... - just don't say it. there's no difference in my language either, so I'm not able to understand it. desde então pergunto se há diferença entre querer e amar a todos os hispanohablantes. e a resposta é sempre a mesma: hay mucha diferencia. FML.

porque dava pra ouvir do meu quarto. (3/3)

Eu estava escovando os dentes e ela entrou no banheiro. Parou na porta. Saiu. Voltou. Pediu desculpa e trancou-se na última do banheiro. Começou a tossir. Terminei minha higiene bucal, comecei a limpar os piercings. Agora o que ouvia era um misto de choro e tosse... posso jurar que suas lágrimas soavam quando caíam na água suja do sanitário. - Honey, are you okay? - Yes, I just ate too much and I don't feel good. Voltei ao meu quarto para fazer minhas tarefas e continuei escutando os sons asquerosos vindos do banheiro da planta alta. Foi aí que me lembrei de uma conversa que tivemos há um tempo, uma conversa boba de garotas sobre estética, na qual ela disse, com toda a ingenuidade que seu sotaque evoca: - Acho que todo mundo já fez isso, mas às vezes eu vomito depois de comer... não é sempre, claro. Mais tarde, no mesmo dia, estávamos todas num quarto, rindo de coisas bobas... essas noites de sempre. Estávamos na mesma cama. - Meu bem, o que aconteceu hoje, foi porque você quis? - Sim... Devo dizer que a guria em questão é uma das meninas mais bonitas desse campus, e essa afirmação é unânime. Ela passa horas correndo, dançando, malhando para perder uma gordura imaginária... Agora, favor, me digam... o que fazer quando uma amiga tem esse problema? Não é uma pergunta retórica, conselhos, por favor...

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

caring and sharing.

Ele fumava um cigarro na janela e segurava uma garrafinha daquelas típicas de alcoólatra com um rum venezuelano de sabor extremamente doce. Mais doce que isso só o cheiro de mel que se propagava pelo ar e a música ambiente: - You know, I'll never understand you... - sabe, nunca vou te entender. - Then don't try. It's not about understanding people, it's never about understanding... it's about caring and sharing... Sharing moments and... just enjoy it (...) - então não tente. o ponto não é entender as pessoas, nunca é... é sobre se importar com elas e compartilhar... compartilhar momentos e simplesmente aproveitar. Disse isso com seu típico sorriso que faz seus olhos brilharem ainda mais e é totalmente indecifrável. O protagonista dessa cena é uma pessoa que me tem surpreendido ultimamente. Assim que cheguei ao colégio, antes de ser apresentada a ele, ja ouvi que este era o "consolo do colégio. Sempre que alguma garota se sente sozinha aparece no quarto dele". O guri tem os maiores e mais azuis olhos que você pode imaginar, cabelos ondulados cor de mel e um corpo lindo. A primeira coisa que te vem na cabeça é "céus, esse guri deve passar horas na academia, que asco...". Porém, depois de passar um tempo por perto dele, pode-se perceber que por detrás da carapuça de garoto lindo e fútil há um guri muito inteligente, sincero e líder de verdade - desculpem-me se pareço um desses obcecados por liderança aka administração do UWCCR. Me deu vontade de falar isso porque quando meus primeiros anos souberem que ganharam a bolsa vão ler este blog à procura de sabe-se lá o que - posso falar por experiência própria porque enlouqueci com o blog do Oto, meu quarto ano. E quando isso acontecer, quero que eles saibam que tive segundos anos únicos e especiais, com os quais tive momentos maravilhosos. E que isso só foi possível porque nos esforçamos o bastante p'ra ultrapassar barreiras linguísticas, culturais e a mais alta de todas: a primeira impressão. ...after all: - You are a very... *unique* person. - Hahaha, and so are you...

domingo, 17 de janeiro de 2010

um PS.:

Foto tirada agora há pouco. Minha roomie teve uma explosão artística e desenhou no meu braço com a tinta que sobrou do residence gift da Linnéa - achei bem bonito. Estou com só uma argola; o lado esquerdo inflamou e tive que colocar um daqueles piercings feios que são só um pontinho. E, por um acaso da vida, da pra ver uma tonalidade meio avermelhada no meu cabelo?

sem o amargo não seria tão doce.

Sabe, uma das minhas coisas preferidas na vida é que ela sempre guarda algo de bom p'ra quando mais precisamos de um up. Este final de semana, por exemplo, foi perfeito. Não aconteceram coisas extremamente significantes, mas passei momentos muito lindos que me fizeram extremamente feliz. Depois da sexta-feira tranquila, tive um sábado bem agitado; limpeza do quarto, duas horas de ensaio para o Haflas - um evento de dança do ventre que a Susan (Equador) 'tá organizando, ida à Escazú para resolver minha vida com relação ao puto do piercing que decidiu inflamar, festa Black & White e aniversário da Linnéa (Suécia). Depois de me acabar de dançar loucamente, fui ao estúdio onde furei meus piercings e o veredito foi: a argola tem que ir :( Conversei um tempão com o tatuador, Ron, um gringo que quer ir ao Brasil. Vimos o Brasil no Google Maps e eu mostrei as melhores praias p'ra ele se organizar... o cara tá pensando e mudar p'ra lá - momento awkward: me referir ao meu país como "lá". Uma coisa que ele me disse foi que normalmente as pessoas não se referem ao próprio país do jeito que eu fiz. Quando nos conhecemos há uns dias atrás e lhe disse minha nacionalidade, ele perguntou "and how's Brazil?", ao que respondi "amazing..!". A culpa disso deve ser o fato de eu estar em terra estrangeira como "representante" brasileira. Penso que assimilei uma atitude de defender, até de amar mais meu país. Juro que não foi forçado, simplesmente aconteceu. Sempre há o perigo de acontecer o oposto; depois de ver a riqueza de outros países - não monetária, mas cultural e até humana - a pessoa simplesmente não quer mais saber de "casa". E isso eu vi nos muitos aviões pelos quais passei até chegar aqui. Essa é uma experiência gostosa: conversar com pessoas no avião. Acho que só a aura de estar saindo de um lugar p'ra outro as torna mais interessantes. De volta ao cole... na cafeteria estava rolando a festa B&W organizada pelo Lucas. Foi muito divertida, com músicas ótimas e decoração hiper bem-feita. Dancei horrores, mas tive que voltar mais cedo p'ra arrumar a study room upstairs pro aniversário da Linnéa. Colocamos velas, incenso, sacos de dormir... À meia noite, Gonzalo (Venezuela) a trouxe, cantamos parabéns, brindamos com champagne de Bordeaux, comemos home made chocolate cake e as sobras da noite passada. Foi o aniversário mais íntimo que fizemos... só um grupo de pessoas queridas conversando, ouvindo música e se divertindo bastante. Fui pro meu quarto number 2 às quinze pras cinco da manhã e fui acordada às dez por Dani e Linnéa. Hoje tivemos Residence Breakfast e troca de presentes de viagem... tirei minha segundo ano, Daniele, como amiga secreta e a Sofia (Paraguai) me tirou. Comemos juntas, pasamos una mañana genial. Depois fui ao mercado de frutas tomar suco com Linnéa, Lotta (Alemanha) e Natasha (Dinamarca) e ensaio rapidinho de Chicago. Escrevo da study room downstairs... a galega tenta terminar sua apresentação oral de espanhol, a francesa faz um poster para a semana européia sobre seu país, a panamenha estuda Math Higher, a alemã fala com seu pretendente que se encontra em terras geladas a milhares de quilômetros. 'Tá tocando Buena Vista Social Club e eu preciso ser mais eficiente. Se alguém quiser curtir um pouquinho de latinidade: Chan Chan.

sábado, 16 de janeiro de 2010

de novo...

Cheguei há uma semana e dois dias. O primeiro par de dias foi um doce de viver; rever meus amigos e ter aquelas conversas de madrugada que nos fazem dormir em outros quartos porque não percebemos o quão tarde é de tão entretidos... ah, isso é impagável. Só quem vive num campus entende essas coisinhas. Mas fiquei demasiadamente nostálgica no domingo à noite... comecei a pensar demais nos dias lindos que vivi em Bsb e isso só desencadeou uma avalanche de saudade. A semana foi toda meio difícil de viver. Voltar ao ritmo de UWC 'tá sendo tenso, pero "desculpa aí, mas é assim que é", right?! Haha. Até que numa dessas noites, depois de fazer os exercícios de Mate, fui quase correndo p'ro meu quarto porque já sentia as lágrimas se formando e como não há privacidade neste lugar, com certeza me bombardiariam de perguntas. Abri a porta, entrei e quando estava para fechá-la, a Elena (2nd year, Belgica) pulou em mim; "my angel!" e foi aí que as lágrimas caíram mesmo. É uma puta ironia que quando mais gostaria de estar com meus amores, mesmo que por skype, estejam todos viajando... e isso me deixa bastante triste. Outra coisa tensa é não estar em casa p'ra dar um beijo na mamãe de Feliz Aniversário.... Ontem à noite não houve Coco Girls no Amigos. Só saímos p'ra comprar a bebida que é marca registrada da Resi e ficamos aqui jogando umas cartinhas de "despedida de solteira". Sobramos eu e Dani (Israel) no final, porque ela tá sofrendo de jetlag e se força a dormir mais tarde p'ra estabilizar tudo. "Parece que sinto mais saudade de casa agora do que antes", disse ela, "sei que senti muitas saudades de estar aqui, mas é tão diferente. Por mais que ame vocês e que a convivência faça com que em alguns pontos nossa relação seja muito forte, em outros não há como comparar..." E é em noitezinhas assim que percebo que compartimos mais do que quartos, casas, campus; compartilhamos sentimentos. Muitos sentimentos. E o que passa na cabeça de muitas pessoas por aqui são as coisinhas que tiveram de deixar p'ra trás para vir p'ra este sanatório.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

começou como e-mail;

Escrevo da lavanderia enquanto espero que a máquina de lavar deixe minhas roupas tão cheirosas quanto chegaram aqui... impossível, já que, por falta de tempo, não sigo as instruções de mamãe e simplesmente jogo tudo lá dentro com um pouco de sabão em pó. Assim percebo que estou de volta à vida louca e corrida de UWCCR. Ontem teve ensaio de French Can-Can. A semana européia começa semana que vem e a Marie (França) fez uma coreografia de can-can... está bem bonita, porém estou sendo obrigada a aprender a dar estrelinha. Oh céus. Passei uma noite engraçada com a Danielle (Israel) no quarto da Linnéa (Suécia), mas é cada coisa besta que nem vale a pena contar. Ela me trouxe uma pulseira vermelha que tem uma estrela de Davi como pingente de Jerusalém para sorte... eu dei a ela uma pulseira de sementes da Torre e uma fitinha do Senhor do Bonfim. Hoje o dia está deveras cheio; duas reuniões e muitas tarefas, aiai... vou enlouquecer neste lugar! Pois bem... minha roupa já está pronta e vou tentar cochilar um minutinho antes da aula de Matemática. Quem sabe assim o Justin não põe mais no meu boletim que eu 'tô sempre falling asleep in his classes.

domingo, 10 de janeiro de 2010

honey moon

A noite passou sem Bar Amigos. Ônibus e táxis traziam a cada hora mais pessoas e foi simplesmente impossível sair..! Chegaram Hannah (Holanda), Linnéa (Suécia) e Marie (França) - meus amores, Sally (UK), Roanna (Holanda), Jono (Alemanha), os noruegueses, meu buddy Øyvind... ahh! Andei pelo colégio, abracei muita gente que me fez falta de verdade nestes dias - e outros que... hun... nem tanto, haha. A noite foi bem divertida :) Terminei dormindo com a Linnéa. Acordamos cedo o bastante p'ra tomar café da manhã, banho de sol e ir ao mercado de frutas. O dia continuou nessa vibe deliciosa de lua de mel; abraços sendo distribuídos aos montes, sorrisos e outras demonstraçõezinhas de afeto. Danny (Israel) cortou o cabelo curtíssimo, minha roomie fez franja, Martha (Dinamarca) quase raspou a cabeça... acho que foi uma necessidade geral de tornar todas as mudanças que temos sofrido visíveis, palpáveis (...) São minutinhos depois da meia-noite agora e escrevo na rede que colocaram entre El Coco e Malpaís. O vento está forte e faz uns barulhos... o Jorge (Costa Rica) acabou de ir dormir. Ele estava sentado nos meus pés pra esquentá-los enquanto conversávamos. Tenho aula às 7 am e dormirei na minha cama pela primeira vez desde que cheguei aqui. Sabe o que dizem por aí? Cualquier reparación posible pasa por dormir sola.

sábado, 9 de janeiro de 2010

what if I don't get over you..?

Hoje é sábado, são oito e meia da noite e, provavelmente, daqui a pouco vou ao Bar Amigos. Passei dias lindos em Brasília, amei minhas vacaciones e chorei um tanto no avião de Bsb a Sampa... até perceber que é mais são da minha parte viver do que pensar. Cheguei à Costa Rica na quinta-feira e, impossibilitada de voltar ao colégio antes da fecha pré-estabelecida, fiquei na casa da Gabi, minha ex-roomie. Foi muito lindo que alguém tão... tão Gabi fosse a primeira pessoa que vi ao pisar em solo tico. A ver, passei um tempo muito gostoso com ela e cheguei ao colégio às 15h e pouco, mas só pude deixar as coisas e tive que sair. Encontrei Pukiita (Tailândia) e foi TÃO bom abraçá-la! Senti saudades dos tons de voz que só ela faz :) Pois bem, tive que sair do colégio, então fui tomar um sorvete naquele lugarzinho de sempre e andar por Santa Ana. Mira que raro; andei de cachecol (morro de frio em São Paulo) no calor tropicalíssimo da Costa Rica. Quando já não tinha nada mais pra fazer, resolvi voltar ao colégio e tentar entrar p'ra pelo menos tomar um banho... mas quase no portão avisto meu anjo, Elena (Bélgica, 2nd year), que me levou à colina pela segunda vez. Conversamos, choramos, rimos... e a música do momento foi Sunday With a Flu. Voltamos ao colégio e a cada pessoa que via era mais um abraço, mais um te extrané, I missed you! E, de fato, senti saudades de pessoas que não pensava que sentiria... Ainda não havia muitas pessoas no colégio; comecei a arrumar meu quarto até perceber que não estava com clima para tal... então Elena me entrou no quarto: - Coloquei velas e incenso, vamos dormir juntas hoje. Fui para lá, trocamos presentinhos de viagem e o Lucas veio... conversamos um tempão. Depois que ele se foi ainda conversamos mais um pouco, mas ambas estavam mortas de cansaço. Dormimos umas 22h e às 8h e pouco nenhuma das duas conseguia mais dormir. Fizemos yoga e ela me deu uma comida bem exótica como café da manhã - algo como aveia com sementes. Finalmente limpei meu quarto e as pessoas começaram a chegar; minha vizinhas Natasha (Dinamarca) e Karla (Chile), Marquitos (El Salvador), Guido (Paraguai)... o dia de hoje foi simplesmente um dia de efusividade excessiva - em um bom sentido. Também conversei como nunca com minha segundo ano, Michele e foi tão bom! Hoje é sábado, são nove horas da noite e, provavelmente, daqui a pouco eu vou ao Bar Amigos. E me encanta estar de volta.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

despedida do cerrado selvagem.

Acordei cedo para os padrões destas férias e fui ao mesmo salão que vou desde... 7, 8 anos? Com que idade meninas começam a prestar atenção em meninos? Enfim, fui ao salão de sempre e fiz as unhas dos pés, único luxo ao qual me permito. Nati, a pedicure, se despediu com a voz embargada... não chorou como da outra vez. Só desejou que Jesus Cristo cuidasse de mim.
Voltei para casa e almocei com primas-irmãs, Ana e Izabel, que também não deixaram cair lágrimas e desejaram sorte.
Fiz com Lê e Ísis nosso trajeto de praxe: Torre e Conic*, com direito a barbeiradas deste ser que ainda vai me matar do coração enquanto sentada no banco do passageiro, caminhos estranhos e piadinhas internas, batidas aceleradas por causa de um encontrinho. Pegamos a Nara e fomos p'ra casa da Isoca para que eu desse um beijo na mãe dela. Na despedida, Antônia pediu que eu parasse com as perfurações pelo corpo, mas disse que achava que Costa Rica estava me fazendo bem. Abracei Ísis dez mil vezes e nos dissemos "até logo".
Fui ao cinema à noite com meus pais, assistimos "Lula, filho do Brasil" - não só porque meu sangue esquerdista me faz simpatizar com o presidente, mas porque é uma história e tanto mesmo. Na volta, pedi a papai que fizesse um caminho mais longo.
- Quer ir pra onde?
- Sei lá, só não vai direto p'ra casa.
Ele deu umas voltas até finalmente chegar à Esplanada, ainda iluminada pelas bobaginhas de Natal. Lágrimas nasciam sem parar nos meus olhos e desciam por todo meu rosto. A lua estava enorme e laranja no céu. Fazia 26ºC - temperatura atípica para uma noite brasiliense. E eu amo cada centímetro deste cerrado.
Mais uma vez me despeço dos meus amores, da vida linda que tenho aqui, da cidade cujas linhas me tiram o fôlego de tão perfeitas. Mais uma vez vou virar a noite fazendo as malas sem saber o que vale a pena ser deixado. Mais uma vez deixo uma, duas, três... incontáveis histórias sem um ponto final.