domingo, 27 de fevereiro de 2011

Project Week 2011 - Hogar Siembra.

Samantha (Haiti), Annick (Ruanda), Maud (Gana), Rudie (Haiti), Joni (CR), EU (Brasil), Jorge (CR), Jewel (Bahamas), Cesar (CR), Tiy (Trinidad e Tobago), Elena (Bélgica), Kiara (Bermudas).
Quando voltei das férias de dezembro, estava mais do que segura que queria sair da Costa Rica na Project Week, de preferência ir para o Panamá e completar a América Central no meu passaporte. Porém, quando nos foram apresentados os projetos, me apaixonei perdidamente pelo que ofereceram Ivannia (minha professora tica de espanhol), Cesar (me ex-professor de Artes Visuais) e Paula (minha supervisora de monografia), que tinha a ver com arte, cozinha e literatura. E garotas que sofreram abuso. O único contra do projeto: o abrigo está tão perto do colégio que dormiríamos aqui mesmo. Ainda assim, decidi que valia a pena fazer algo pela comunidade que me abrigou por quase dois anos. Decidi abrir mão de um novo carimbo no passaporte.
E, sinceramente, não poderia ter feito melhor. Passei dos melhores dias destes dois anos em Costa Rica, cozinhando com meninas tão especiais, fazendo artesanatos eco-friendly, oficinas de dança, conversando, contando do meu país, ouvindo de realidades tão alheias à minha, pintando o muro da parte de fora do abrigo. Segurando o choro de vez em quando... Me apaixonei perdidamente por estas meninas. E tive ainda mais certeza que serei muito feliz fazendo meu futuro minor em Gender Studies e trabalhando com a problemática da mulher.
Além disso, passei tempo com gente que nunca havia passado antes, gente incrível que vive uns poucos metros de distância de mim, mas com quem nunca tive chance de compartilhar uma refeição. É bom e ruim descobrir gente incrível tão perto do fim... mas que não falemos de fim agora.
Falemos do quanto foi difícil voltar à vida real depois de uma semana tão especial... e de como trabalho voluntário não tem nada de altruísta. Cheguei a esta conclusão quando me percebi tão feliz, leve, incrivelmente completa... É fato; serviço voluntário faz mais bem à pessoa que está fazendo do que ao que "recebe". E é triste que tantas pessoas nunca hajam experimentado do sabor incrível de fazer o bem.
Admito, estou soando boba boba. É culpa dos doces de meninas que vivem no Hogar Siembra...

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

à beira de um ataque de nervos.

Holy shit. Eu estou muito ferrada na vida. Preciso seriamente de um break.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

¿por qué tanto perderse, tanto buscarse, sin encontrarse?

Não acredito em deus e não sei se acredito em destino, mas os rumos que a vida toma me fazem crer piamente que as energias de todos os seres deste universo se conectam de alguma forma. Falava sobre isso numa dessas noites quando passei horas na rede com Amalia (Espanha) e nos maravilhávamos com a série de pequenos acasos que nos trouxeram até onde estávamos naquele momento.
Pensa só: eu saí de uma cidade no meio do cerrado brasileiro, e ela de um povoado adjacente à Madrid há quase dois anos atrás para vir morar numa cidadezinha no meio de um país com quase a mesma população de Brasília. Aqui nos conhecemos, nos encantamos uma pela a outra e temos certeza de que vamos nos ver num futuro muito próximo. 6 bilhões de pessoas no mundo e algo nos uniu num país onde ambas somos estrangeiras... what are the odds?
A reflexão começou quando falávamos do presente de ano novo que os astros me deram na primeira noite de 2011 em San Juan del Sur, Nicaragua. Lhe contava que fomos parar num tal bar que tocava amiúde I've Had the Time of My Life (versão do Black Eyed Peas), e que somente eu, Clara (Paraguai) e Roanna (Holanda) nos aventurávamos a dançar. Lhe disse que depois de um par de Victorias Frost e de pularmos loucamente ao som de House of Pain aconteceu um certo encontro que tinha 99% de chance de ser uma destas histórias que minha turma de Antropologia usa para me envergonhar publicamente.
Porém, os astros estavam alinhados de maneira harmônica. Tudo vibrava com as boas energias que emanavam dos desejos de Feliz Ano. He happened to be a Radiohead fan and so am I. E agora estou aqui, contradizendo big time o tanto que disse sobre relacionamentos, especialmente à distância.
Agora eu vou. Esperam por mim uma norueguesa, uma israelense, uma galega e uma garrafa de vinho branco chileno. E meu Valentine's Day de 2011 será comemorado ao som de Angus and Julia Stone, com gurias incríveis que me ensinaram un montón. Porque passá-lo de qualquer outra maneira seria perda de tempo.

está tudo bem freakear de vez em quando.

Começou no sábado à noite. Me veio um mal-estar muito estranho que nem Bob Dylan conseguiu curar. Passei o domingo meio capenga, tentando terminar uns trabalhos pra não pensar em nada que não me fizesse bem. Mas não teve jeito: na noite deste domingo pré-dia de São Valentino tive um nervous breakdown. E me custou meia hora de conversa com a Lindsay (minha professora incrível de Inglês), uma ida ao Applebee's e uma sobremesa de $10 para melhorar.
Na volta, uma ida ao telhado com minha francesa terminou de me acalmar. A lua estava linda e ríamos tanto que não havia lugar para sentimentos que não fossem absolutamente belos. Tentei terminar a apresentação de Antropología, mas a visita do Anders (Suécia) no meio da madrugada manteve as Coco Girls acordadas até mais tarde. Ele era um day student mas teve que ir embora da Costa Rica em dezembro e estará por aqui uma semana. By the way, ele é o Coco Boy oficial.
Foi um dia peculiar. Há muito tempo eu não vivo uma dessas montanhas-russas emocionais. Encontrei contentamento, depois de tudo.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

lay your head down low, don't let anybody know.

11:04 pm:
primeira vez em muito tempo que me bate uma tristeza mala onda.

I won't rest until you take it.

Tirei os dois sisos do lado direito. Com choro e sem dor. Estavam comigo uma israelita e uma galega que não me deixaram nem andar os dois blocos que nos levavam de volta ao colégio. Logo uma norueguesa me trouxe um dos smoothies que é febre aqui no colégio. A francesa se assegurou de que eu mantivesse a bolsa de gelo na bochecha. Mais tarde, outras visitas; Espanha, Guatemala, Bolívia, Malásia, Venezuela, Chile, Colômbia... e me veio uma paz tão singular.
Algo me disse que estava tudo bem, que de forma alguma eu deveria me preocupar com qualquer coisa. Como disse aos meus pais no último e-mail, estou sendo bem cuidada. E aqui é até um bom lugar pra ficar doente...
(Ao som de I Luv the Valley Oh, by Xiu Xiu. E um dia eu tenho que lhes contar como essa música entrou na minha vida... é uma daquelas histórias de viagem que o tempo (ou a falta dele) me impediu de escrever sobre.)

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

porque diabos não sou um ser evoluído?

Para quem não me conhece ao vivo e a cores, preciso confessar algo antes de contar-lhes meu drama: sou muito fresca quando o assunto é dor. Fiz um escândalo para colocar meu alargador de 3mm, fico deprimida com qualquer sinal de doenças estúpidas como gripe e fui ao dentista arrancar muitos dos meus dentes de leite por que me dava medo.
Agora imagine meu dilema: tô num país que me parece uma versão mala onda do meu próprio e fiquei de cama dois dias por uma dor dos infernos que me deu por toda a cabeça. Este maldito siso decidiu mudar a estrutura da minha arcada dentária e talvez eu tenha que me OPERAR AQUI!
Estou praguejando contra todos os meus ancestrais por terem passado para mim seus genes "contaminados" pelo germe dentário desta coisa desnecessária.
Medo de médico + medo de dor + medo do sistema de saúde deste país = vontade de inventar uma máquina de teletransporte e ir pra Brasília me consultar com a doutora Susen Mauren, que me daria uma opinião abalizada.
Porém, não é assim que será. Tô indo agora ao dentista... me desejem sorte.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

señorita, a mi me gusta tu style!

E hoje foi minha apresentação de ToK. Não, não foi a coisa mais bela do mundo, mas dá igual.
Logo depois do almoço fomos comemorar o fim dessa materiazinha peculiar: eu, Danielle (Israel), Diana (Galícia) e Susanne (Noruega), e mais tarde se juntou a nós Maria Alejandra (Colômbia). Las quiero mucho mucho... E foi mais um daqueles dias que me dão certeza de que será uma merda ir embora, de que me vai doer demais. Mientras siga escuchando tu voz entre las olas, entre la espuma.
PS.: un poco borracha, confeso.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

creio que peco por falta de brasilidade.

'Tava lendo o blog de um amigo que se meteu pela América do Sul por umas semanas enquanto eu estava me perdendo pela América Central. Além de me maravilhar pela forma como escreve, me surpreendeu com o quão diferente foi a experiência que ele teve das que já tive. Ele contava como trazia música onde quer que fosse, que o samba de seu violão contagiava bares e ruas...
Pensei no par de vezes em que, de fato, fiz exercício da minha brasilidade. Dançando um samba meia-boca ou recitando uma canção de Chico Buarque, daquelas que foram traduzidas para o espanhol. Para falar a verdade, sempre que representei o Brasil foi dentro do colégio... e muito mais ou menos: vide o título que me foi dado no final do ano passado, "Latina mais européia". Porém, creio que isso da falta de latinidade já se foi. Depois de um ano e meio aqui, com espanhol fluente e um pouco de salsa nos pés, me vejo mais latina. Assim me sinto na verdade: uma mistura de latina com um quê de européia.
E sabe, não vejo isso de forma negativa. Minha perspectiva de "para que viajar?" é mais do que levar-me a outros lado. Eu quero ver, quero viver o ambiente, quero transformar-me um pouco no que me cerca, me encontrar no outro. Para mim, faz mais sentido absorver ao máximo do que dar-me.
Porém, vez ou outra, me pego pensando no perigoso que é isso, ainda mais para alguém que planeja se jogar no mundo daqui pra frente. Quem serei em dez anos?

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

sooner or later in life, the things you love you lose.

Quantas serão as pessoas que não verei nunca mais depois do dia 26 de maio de 2011? Quantas serão as canções que já não poderei mais escutar? Quantos dias e noites levarão até que me sequem todas as lágrimas que por certo derramarei, tão grande que serão as saudades?
Me faço estas perguntas com uma frequencia até meio ridícula. É que terminar ensaios oficiais, fazer as provas orais... tudo isso é uma lembrança constante do fim. De que é o começo do fim.
Que logo logo já não haverá aventuras pelo campus na madrugada, envolvendo comida, fogo, uma brasileira, uma israelense e uma espanhola. Não haverá a cama com lençóis roxos mais confortável do mundo, uma americana e uma francesa para dormir comigo. Não haverá almoços antropológicos, meu chileno e a espanhola equatoriana, os guatemaltecos, a paraguaia, o tico, o boliviano, o mexicano. Não haverá humor britânico nas manhãs de segunda-feira. Não haverá encontros alcoólicos com os noruegueses. Não haverá awkward moments em Malpaís. Não haverá salsa com o nigeriano que me balança de um lado a outro na pista de dança. Não haverá outras mil coisas, tudo o que faz minha rotina ser nada menos que sensacional.
Estes últimos dias que tenho vivido, por mais atarefados e estressantes, me parecem lindos e são o que realmente me fará dolorosa a partida. Estou cada dia mais apaixonada por este lugar.
(A catapulta deste post foi a lista dos aprovados para a próxima etapa do processo seletivo que saiu no site da UWC Brasil. Me fez pensar que logo logo aqui não será mais minha casa. Eu não serei mais que história neste colégio...)