quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

daqui pra frente...

Depois de encontrar o caminho para o mar, ando me perdendo entre os amores dessa vida. E é aqui que lhes conto sobre essas perdições:
Saludos.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Results: Bilingual Diploma awarded.

Este blog que foi feito com o objetivo de contar-lhes como uma menina nascida e criada no Plano Piloto sobreviveria nos subúrbios da capital da Costa Rica. Foi feito para que as lembranças de dois anos surreais não se perdessem nos labirintos da memória. Foi feito para impedir que eu enlouquecesse quando entupida de sentimentos até o topo da cabeça.
Pensei inúmeras vezes no que seria apropriado escrever neste post. Mesmo depois de tanto dizer adeus pela vida ainda tenho certa dificuldade em escolher as palavras certas para estes momentos. Então o que vai aqui é só um bando pensamentos soltos, sem edição. Sentimentos que se debatem dentro de mim como ondas em dia de ressaca.
Eu sabia que me dariam uma das bolsas de estudo caso chegasse à etapa final. Não porque pense que sou um ser superior nem nada do tipo... simplesmente porque quem nasce em casa de advogados aprende a argumentar, a ter razão mesmo utilizando-se de falácias. Porque dominar as palavras sempre foi meu trunfo.
A verdade é que a menina que ganhou essa tal bolsa era nada mais que isso: uma menina. Uma menina que poderia muito bem ter continuado uma vida linear, saindo de um dos melhores colégios do Brasil para uma das melhores universidades federais para um emprego que lhe desse estrutura. E essa poderia ser uma bela vida, sem dúvida. Mas não é para mim. Nunca foi. Por alguma razão que desconheço, nasci com uma inquietação crônica que me impede de ser feliz caso não esteja escrevendo por linhas tortas. Me sinto sufocada com uma facilidade incrível. Tenho fortes ganas de fazer tudo o que se pode fazer in one life time.
Continuando a saga de uma das três meninas que foram enviadas para representar o Brasil no United World College Costa Rica entre os anos de 2009 e 2011, ela foi. Aos dezessete anos de idade, depois de viver toda uma vida de conforto de classe média brasiliense, sem nunca ter se preocupado em colocar o próprio prato de comida. E foi arrebatada por um furacão de novas informações, todas de uma só vez. Precisou expelir um mar pelos olhos até que finalmente pudesse ver a beleza do que estava para viver e apaixonou-se com tamanha intensidade que era possível prever que um outro oceano se formaria quando chegasse a hora do adeus...
Seria impossível listar as mudanças pelas quais passou neste período. O que posso dizer com certeza é que esta tal menina já não é quem costumava ser. Aprendeu a falar menos e fazer mais. Aprendeu a estar sozinha - em todos os sentidos possíveis dessa palavra. Aprendeu a se virar. Aprendeu que não se precisa de muito mais que uma mochila, um passaporte e pernas para viajar. Aprendeu que limites são linhas imaginárias que um coloca em si mesmo.
Saio do meu casulo exibindo as maiores e multicoloridas asas que você já viu. Voarei por aí de flor em flor, sem medo, sem preocupar-me em demasia pelo que não posso controlar. Sei que vez ou outra virá um vento mais forte que me vai obrigar a procurar abrigo, mas logo passa. E logo que passe me porei outra vez de pé, sempre em busca do que está além.
A quem interesse, meu futuro ainda é meio incerto, meio wishful thinking. Meus planos incluem ficar em Brasília por agora, viver e trabalhar em um Kibbutz em Israel no próximo semestre e só então entrar na universidade, obviamente algo entre Letras e Creative Writing, quem sabe Literatura.
Agradeço de coração pelos comentários, pelos e-mails. Obrigada mesmo por me acompanharem nesta jornada.
E agora, como já até virou rotina nesta minha vida, me despeço.
Adeus.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

otro lugar.

Que yo sí estoy bien. Les juro que he sonreído y he salido de fiesta y ya estoy casi lista para tener mi corazón arrancado otra vez. Pero es que a veces sale una canción u otra en el iPod que me hace pasar una buena hora escuchándola mientras veo las fotos de los años bellos que pasé allí arriba, en Centroamérica. Y en estos momentos yo sí extraño y me dan ganas de llorar y entrar en el primer avión para... para dónde? Para miles de lugares. Para Otro Lugar.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

da sobremesa que eu não farei.

No "open house" deste ano - quando os membros do staff que moram no campus cozinham e abrem suas portas para os alunos - acabei por não passar por todas as casas. No dia seguinte, encontrei o Gustavo, coordenador de CAS e atividades extra-curriculares, chegando tarde ao colégio e lhe perguntei "mas porque trabalhar até agora??" Ele me disse que não estava trabalhando, que estava voltando pra casa. Ele estranhou minha surpresa ao me dar conta de que ele havia passado a morar no campus e disse "então você não veio pegar a sobremesa ontem?" sobraram algumas, passe lá em casa e eu te darei".
A constante falta de tempo sob a qual vivia me impediu de fazê-lo e no dia seguinte, depois do almoço, alguém me toca a porta. Tavo segurava algo entre gelatina e pudim em uma taça. Agradeci muito e lhe prometi uma sobremesa brasileira em troca. Obviamente fui motivo de piada, "queridinha do staff" por algum tempo. Também tive que deixá-lo enfiar a mão no meu prato e pegar meu último plátano um par de vezes já que ainda não havia feito a tal sobremesa pra ele.
Quando fui buscar minhas malas, ele estava lá e lembro de ter reparado em como nos olhava com carinho. Fazia tempo desde que os últimos estudantes haviam saído do campus e tanto ele quanto a Leila, coordenadora da vida residencial, nos contaram das saudades que sentiam de nós. Me despedi pedindo que cuidasse bem de minha casa e ele disse que só estava começando, que ainda havia muito que fazer pelo colégio e que o faria con mucho gusto.
Mas não é essa vida uma caixinha de surpresas? E no domingo à noite eu vi a tal notícia no Facebook e me recusei a acreditar... até que tudo foi ficando mais real, saiu no jornal e tudo mais. Ainda não há detalhes, só sei que seu corpo foi encontrado já sem vida em uma rua deserta. Duas facadas no peito foram a causa de sua morte tão prematura.
Muitas coisas passa pela minha cabeça... me enoja um pouco a hipocrisia de pessoas que declaravam publicamente o quão mal pensavam dele e agora se puseram mais que deprimidas online. Me assusta pensar no frágil que é a vida, na possibilidade de cada adeus ser eterno... nas sobremesas que não deveríamos ter deixado para fazer mais tarde. Me indigna, me causa um puta nó na garganta pensar que alguém tirou a vida de alguém que era a pura definição de estar vivo.
Tem que ter justiça. Tem que ter.
Sério, tem que ter justiça.

sábado, 25 de junho de 2011

o mundo como eu vejo.

Um dia disse à Dani (Israel) que achava que estar em um UWC tinha piorado ainda mais minha ingenuidade, que seria doloroso sair da bolha e perceber que não é todo mundo que fala (e age em prol) de mudar o mundo. Lhe falei isso quando me lembrei de uma história que o Tino (Líbano) nos contou quando voltou de uns dias na praia. Ele conheceu uma menina no ponto de ônibus e o papo rolou até bastante tempo... até que o assunto das nacionalidades surgiu. Acontece que a menina era israelense e quando Tino jocosamente lhe informou sua condição de "vizinhos" ela lhe olhou com nojo, levantou e foi embora.
Fiquei pasma com essa história. Nesta conversa com a Dani, enquanto fumávamos um Marlboro numa ilha panamenha, pensei nas tantas coisas que para mim são regra mas só funcionam mesmo num universo tão idealista (e belo) como o que construímos. O que ela me contestou foi simplesmente que esse era o ponto de ir para colégio que fomos: transformar o estranho em norma e passar adiante. Sim, me entende? É acreditar tanto na mudança, acreditar tanto no entendimento entre as pessoas que tal crença contagia os outros à sua volta.
Pensei em quando estiver criando bebês meus ou sendo a tia louquinha dos filhos dos meus irmãos. Pensei nas histórias que lhes contarei. Pensei em mostrar-lhes o mundo como ele é em minha cabeça no presente momento.
Que para mim, Israel e Líbano andam de mãos dadas pelos corredores; México tem sempre um sorriso estampado, mesmo passando pelas maiores adversidades; a beleza da Espanha começa na Galícia, passa por Madrid e chega até Sevilha; Estados Unidos são o oposto de opressores e conformistas; há arte brotando em cada esquina da Colômbia; as boas vibrações do mundo tem raízes na Bélgica; mais que um terremoto, o que balança o Haiti são as cadeiras de seu povo; os homens e as mulheres são absolutamente belos na Venezuela; há mais latinidade na Nigéria ou na África do Sul que no Brasil; toda a doçura do mundo pode ser encontrada nos abraços da Guatemala; vale muito a pena transpôr os altos muros que o Caribe cria para impedir a entrada do resto do mundo; vale mais ainda conhecer a leveza da literatura da Noruega; Chile te conquista tanto por fazer barulho quanto por ser tão calado; a Costa Rica ainda tem muito a aprender com seus vizinhos; não há nada que clique melhor que a extroversão brasileira e a introversão da Malásia... que para mim, a paz mundial começa por lavar a própria louça.
Assim eu vejo o mundo agora: não por países, fronteiras ou vistos, mas por rostos, abraços e memórias.

domingo, 19 de junho de 2011

acho que "goodbye" é uma palavra muito mal escrita.

Eu decidi não falar sobre os adeuses que eu disse às pessoas.
É que é doloroso e desnecessário descrever as idas dos ônibus ou minha estada no aeroporto.
O que lhes digo assim, bem por cima, é que por três vezes pensei que não conseguiria parar de chorar nunca mais. E que tive sorte de ter um menino nigeriano hermoso por perto para me carregar em duas delas. E uma colombiana maravillosa na terceira.
Posso dizer também que até o presente momento ainda sinto um aperto insuportável só de pensar nestes dias, então ya!
Perdão, mas não consigo falar dos adeuses.

os lugares e eu.

As fotos não estavam mais preenchendo cada uma das paredes do quarto que foi meu por um ano. Do quarto cujas paredes serviram vez de abrigo vez de cela. Do quarto que refletia o caos e a beleza do universo que tenho em mim.
Olhei em volta e o que vi foram os restos do que um dia pude chamar de meu.
Alguns dias depois, com as residências já trancadas, andei completamente só pelo colégio. Cada passo dado me levava a algum lugar que continha um pouco de mim, de minha história. Caminhei pelos últimos dois anos da minha vida em alguns minutos.
Ainda nesta noite, fui ao Bar Amigos e tomei minha última Imperial. Escrevi meu nome em marcador negro em uma das paredes. Caminhei por entre as mesas de sinuca e na pista de dança improvisada.
Enquanto o táxi me levava desde o colégio até San José, olhei a cidade que foi minha pela última vez. Vi Santa Ana embaçada pelas lágrimas que teimavam em cair. Passei pelas ruas nas quais costumava caminhar em dias de sol ardente ou chuva inesperada. Sorri ao pensar que por mais que não conheça cada canto do tal vilarejo, conheci até o cerne alguns lugares e que estes sim se transformaram em meu lar.
Pensei nos fantasmas que devem andar por estes lugares. Fantasmas de outras vidas que aconteceram ali, dos momentos que tornaram pessoas o que elas são hoje. Pensei que não passamos de efemeridade. Não passamos de entretenimento barato para as paredes, portas, janelas que nos cercam. Elas sim duram. Nós? Nós vamos e voltamos e não paramos quietos.
Sei que voltarei em algum momento da minha vida. Mas sei também que já não será o mesmo...
É que até o estático se transforma e vira uma versão do que foi um dia.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

que yo tengo gente hermosa en mi vida...

E quando eu estava mal, bem mal, escrevi para três pessoas. Das respostas, a que me causou (e causa cada vez que releio) um sorriso no rosto foi a de alguém que um dia me disse que lhe encantava escutar minhas histórias mirabolantes enquanto compartilhávamos uma das redes do lado de fora de El Coco. Dizia assim:
(...) Pero muy adentro de mi sé que todo va a estar bien y que esto que sentimos no es más que la consecuencia de dos cosas: 1. que estamos vivos. muy vivos. y 2.que nos queremos de verdad (...) Por ahora, prométeme que vas a dar todo de ti para estar bien,ok? si eso quiere decir salir con tus amigas, o bailar en tu casa, o dormir, o leer, o escribir,o escuchar dirty songs,no importa. Lo importante es que hagas cosas que te hagan sentir feliz (...)
E eu juro que estou tentando, mi cosita hermosa. Te lo juro.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Uma pausa da recapitulação dos meus últimos dias na América Central para dizer que está difícil controlar. Está difícil estar aqui quando sou a única dos meus amigos que não tá na UnB ou que tem um mínimo de estrutura e/ou segurança em seu futuro próximo. Está difícil sentir que sou a única que entra no Facebook pelo menos 3 vezes ao dia porque assim me sinto mais próxima de quem está longe. Está difícil escutar a metade do meu iPod que se constitui de bandas das quais nunca haveria ouvido falar se não fosse pela presença de certas pessoas na minha vida.
Está difícil e eu não sei o que fazer com essa dor.

y así fue la graduación:

Sobre a formatura, o que eu posso dizer?
Que Lucy (US) é o ser humano mais belo do mundo e a surpresa dos primeiros anos foi linda. Que será uma lástima não ouvir Jean (Uganda) e Sury (US) cantarem juntas nos shows do colégio acompanhadas de Janne (Finlândia), Jorge (Costa Rica) e Emai (Chile). Que Tino (Líbano) nos fez sorrir e Maria Alejandra (Colômbia) nos fez chorar copiosamente durante seus discursos. Que a Ivannia estava bela e eu me senti muito feliz em ter minha professora de Espanhol zombando a crise de choro que eu tive no meu exame oral na formatura. Que me encanta ver o que o clowning master tem a dizer, e que mesmo a contragosto do resto da comissão de formatura, votei sim no Steven. Que foi emocionante segurar meu diploma, mas foi mais ainda ver cada amigo subir no palco pelo deles, escutar cada país que era chamado pelo Dave e pela Paula, pensar em todos os países onde sinto que terei uma casa... aliás, mais que isso, um lar.
Foi um dos momentos mais belos que já experimentei nestes meus quase vinte anos de vida. O término do ensino médio me deu uma sensação de alívio tão forte! Já passava da hora de sair deste ambiente e me fez feliz que tenha sido assim, de maneira tão intensa. E bela.
Pensei no rápido e no devagar que passaram estes dois anos, academicamente falando agora. Como me encantei pela língua espanhola logo de cara e a paixão só aumentava a medida que Ivannia nos ajudava a construir-nos como hispanohablantes e como mulheres. Como fui vagarosamente deixando de gostar de Antropologia. No quão divertido foi trabalhar na monografia, mesmo que tenha sido feita tão em cima da hora. No quanto odiei a IA de Matemática com todas as minhas forças. Pensei no dia em que percebi que passar a noite em claro havia virado rotina e havia algo errado com meus horários de estudo. Agradeci ao universo por ter me mandando a Dani, a Dido e a Suuu, que me incitavam a estudar e me ajudaram até a fazer minha World Lit - mesmo que Dani tenha feito em hebraico, Dido em espanhol e Suuu em norueguês. Maldisse o inventor de ToK até sua décima geração - até que me dei conta de que o problema não era a matéria e sim minha incompatibilidade com o professor. Sorri ao pensar em como eu achava que meu inglês era fluente antes de chegar e a Rebekah me destruiu na primeira redação. Sorri ainda mais pensando no acaso, destino ou qualquer coisa que trouxe a Lindsay para amenizar a intensidade excessiva das aulas daquela mulher e de seu marido, Jamie.
Sorri. Sorri pelas minhas conquistas. Por ter começado com um 24 e terminado com..? Não sei com quanto ainda, mas espero que o bastante para passar, hahaha. Sorri por todas as coisas que não teria aprendido no CMB e me senti muito alegre pela escolha que fiz.
E foi bem nessa hora que o Dave chamou meu nome e fui pegar meu diploma das mãos do Mauricio Viales, diretor do colégio...
Parte 1. (Os discursos chatos de gente que não tem importância em nossa vida, a surpresa dos primeiros anos, os discursos lindos do Steven, da Ivannia, do Tino e da Maria Alejandra, "Little Wonders" na voz da Jean e da Sury e a primeira parte dos alunos recebendo seus diplomas.)
Parte 2. (Os últimos diplomas sendo recebidos, os abraços e as crises de choro, os recados que a galera deu às famílias.)