quarta-feira, 12 de maio de 2010

como seria um orgasmo em francês?

Por uma razão estúpida eu estava parada na porta da minha residência olhando sem expressão a casa ao lado, que está sendo pintada. Nem passava pela minha cabeça andar até lá, subir as escadas e entrar no quarto cujo número na porta está errado; dizer-lhe que aquela simplesmente não era a melhor forma de terminar uma conversa. O que cortou meus pensamentos foi uma voz estridente, que mandou (e não pediu) que eu fosse lá. "COME UP HERE!" com sotaque francês foi o que me trouxe de volta à Terra. Subi minhas escadas de dois em dois degraus e encontrei sua porta aberta, calcinhas e sutiãs jogados pela cama, as paredes cheias de fotos e cartões postais, panos pendurados. Aquele lugar me faz tão bem. Ela me contou um par de segredos... ríamos e tentávamos manter a voz baixa, já que tudo - tudo - que se faz e fala em um quarto pode ser ouvido à distância. Desde que cheguei aqui, ela sempre foi um anjo na minha vida. Me lembro o quão surreal foi conhecê-la... o quanto ela me pareceu totalmente distinta de toda a massa de segundos anos que se esforçava para parecer simpáticos. Ela sentou do meu lado e naquela mesma noite percebemos tudo o que tínhamos em comum. Eu não vou sentir falta dos segundos anos em geral. Posso contar nos dedos quem eu gostaria de manter aqui comigo, do meu lado... mas só essas pessoas já fazem com que a iminência do fim se transfigure em um nó na garganta. Escrevo sob um pôr-do-sol típico... o céu inunda tudo de rosa. Até o ar se sente rosa. A francesa estuda economia e vez ou outra pergunta algo à nossa belga tão querida. Lá embaixo, a filha da professora de Inglês A1 caminha e dança enquanto ouve seu mp3. Eu estou na sala de estudos do andar de cima, rodeada de obras em espanhol e escutando La Ou Je Suis Nee, cantada por Camille. Amanhã tenho minha última prova, um oral de Espanhol... e depois? Depois o fim se verá inevitável. Depois serão as últimas noites no Amigos, no campo de frisbee. Os últimos beijos ébrios. As últimas madrugadas de conversas infindáveis das quais nunca, nunca nos esqueceremos.

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