sábado, 31 de julho de 2010

o que estava guardado sob dois cadeados.

Desde que cheguei no Brasil procurei por todos os cantos meu diário de 2009 e um livro do Waly Salomão que eu não consegui terminar antes de ir embora. E não é que neste sábado, seis dias antes da minha partida, encontrei os bens?
Bueno, lhes conto isso porque a leitura do diário supracitado desencadeou uma reflexão sobre três verbos: ir, estar, voltar.
Sobre ir: indagações que me passam pela cabeça a menudo são: será que ir embora era realmente necessário? o que me repeliu da vida que tinha Brasília? eu era infeliz?
Lendo minhas "memórias", percebi que não foi infelicidade meu impulso. Minha vida era com certeza mais equilibrada do que é agora. Posso dizer com certeza que era feliz... e que se não tivesse decidido partir, compartilharia momentos muito doces com meus amigos agora e num futuro próximo: vestibular, Porto Seguro, formatura, vida alternativa da UnB. Pra que deixar isso?
Porque a vida não deve ser um festival de mais do mesmo. Deve-se sentir tesão pela vida sempre, e isso eu já não sentia. A rotina transformou minha maior conquista - passar no concurso do Colégio Militar - se tornar um fardo... e não valia mais a pena.
Não havia problema com a vida que levava, mas com o botão repeat ligado.
Sobre estar: as mudanças que sofri vão além dos furos que adquiri (como qualquer boa ex-aluna de CM). Não sei se é perceptível pelos posts no blog, porém com certeza o é por quem me conheceu antes da partida. E era exatamente isso que buscava; uma visão nova da vida.
No dia 19 de abril de 2009 escrevi sobre uma conversa que tive com um dos selecionadores que estavam no meu processo seletivo: "É muito diferente perceber interesse na expressão de uma pessoa que te ouve. Família, professores, amigos... todos te conhecem tão bem que qualquer coisa que você fale é meio esperado. Falar aqui tem outro significado. Todos ouvem com um interesse ímpar."
Estar no UWC me faz sentir isso constantemente. É uma sensação incrível de ser descoberta a cada conversa, é dar um pouco de si para alguém que está interessado em desvendar-lhe. É também receber muito de volta, descobrir e desvendar o outro.
Sobre voltar: o que surgiu deste bendito verbo foi "não quero pensar nisso agora".
Porque me entristece voltar para a Costa Rica agora em agosto, porque me entristece a idéia de voltar ao Brasil no final do meu segundo ano...
Porque este verbo remete a um lugar onde um deve sentir-se completamente pertencente, onde um possa chamar de "casa". E por agora, eu não sei onde é casa.
PS.: ler as onze páginas referentes aos quatro dias de convívio reviveu o sentimento bom que tenho por meus selecionadores. Lhes mando energia aqui do planalto central :)

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