sábado, 25 de junho de 2011

o mundo como eu vejo.

Um dia disse à Dani (Israel) que achava que estar em um UWC tinha piorado ainda mais minha ingenuidade, que seria doloroso sair da bolha e perceber que não é todo mundo que fala (e age em prol) de mudar o mundo. Lhe falei isso quando me lembrei de uma história que o Tino (Líbano) nos contou quando voltou de uns dias na praia. Ele conheceu uma menina no ponto de ônibus e o papo rolou até bastante tempo... até que o assunto das nacionalidades surgiu. Acontece que a menina era israelense e quando Tino jocosamente lhe informou sua condição de "vizinhos" ela lhe olhou com nojo, levantou e foi embora.
Fiquei pasma com essa história. Nesta conversa com a Dani, enquanto fumávamos um Marlboro numa ilha panamenha, pensei nas tantas coisas que para mim são regra mas só funcionam mesmo num universo tão idealista (e belo) como o que construímos. O que ela me contestou foi simplesmente que esse era o ponto de ir para colégio que fomos: transformar o estranho em norma e passar adiante. Sim, me entende? É acreditar tanto na mudança, acreditar tanto no entendimento entre as pessoas que tal crença contagia os outros à sua volta.
Pensei em quando estiver criando bebês meus ou sendo a tia louquinha dos filhos dos meus irmãos. Pensei nas histórias que lhes contarei. Pensei em mostrar-lhes o mundo como ele é em minha cabeça no presente momento.
Que para mim, Israel e Líbano andam de mãos dadas pelos corredores; México tem sempre um sorriso estampado, mesmo passando pelas maiores adversidades; a beleza da Espanha começa na Galícia, passa por Madrid e chega até Sevilha; Estados Unidos são o oposto de opressores e conformistas; há arte brotando em cada esquina da Colômbia; as boas vibrações do mundo tem raízes na Bélgica; mais que um terremoto, o que balança o Haiti são as cadeiras de seu povo; os homens e as mulheres são absolutamente belos na Venezuela; há mais latinidade na Nigéria ou na África do Sul que no Brasil; toda a doçura do mundo pode ser encontrada nos abraços da Guatemala; vale muito a pena transpôr os altos muros que o Caribe cria para impedir a entrada do resto do mundo; vale mais ainda conhecer a leveza da literatura da Noruega; Chile te conquista tanto por fazer barulho quanto por ser tão calado; a Costa Rica ainda tem muito a aprender com seus vizinhos; não há nada que clique melhor que a extroversão brasileira e a introversão da Malásia... que para mim, a paz mundial começa por lavar a própria louça.
Assim eu vejo o mundo agora: não por países, fronteiras ou vistos, mas por rostos, abraços e memórias.

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