quarta-feira, 15 de junho de 2011

this time is ours.

Na realidade não foi um só o milagre que ocorreu no dia 23 de maio de 2010...
Os infelizes estudantes de Sistemas Ambientais e Sociedades (incluindo minha pessoa) tiveram a "sorte" de ter sua prova no último dia, quando já havia se tornado quase impossível concentrar-se em qualquer coisa que não fosse dizer adeus. Mas que se há de fazer?
Entramos, guerreiros, alguns de mãos dadas para encarar essa pseudo-ciência maldita. Se você me perguntar qual meu maior arrependimento nesta experiência, responderia sem titubear: não estar em Física, onde certamente teria aprendido algo. Coulda, woulda, shoulda... Então foi isso; o primeiro milagre foi sobreviver ao monstrinho que me atormentou pelos dois anos.
Milagre número dois começou ainda na biblioteca. Carey tirou a última prova das mãos do último aluno, checou mais uma vez se estava tudo certinho e nos liberou: "Okay... one, two, three, go!". Imagine quase metade dos segundos anos gritando, saindo correndo, esbarrando em cadeiras ou qualquer coisa que estivesse pela frente no hall da biblioteca. Corremos porta a fora para sermos surpreendidos por nossos primeiros e co-anos que já haviam terminado munidos de balões d'água. Dani (Israel), Maria Alejandra (Colômbia) e Klever (Bolívia) haviam conseguido um pedaço enorme de plástico e estenderam no gramado com sabão em pó e ligaram uma mangueira. Depois de passar duas horas escrevendo sobre o impacto humano no meio ambiente, gastamos litros e mais litros de água escorregando das maneiras mais diversas possíveis numa lona preta. Foi um momento de magia inefável no qual me peguei muitas vezes apenas olhando meus companheiros, porque é exatamente assim que quero me lembrar de todos: com o maior dos sorrisos cobrindo o rosto de bochecha a bochecha.
Deste momento em diante, a vida foi doce. Claro que sempre há um amargo ou outro para fazer os momentos belos mais belos, mas em sua maioria foram sim momentos de extrema felicidade. Jantar da residência no Tin Jo, restaurante delicioso da professora de Mindfulness, Passdown Show e aquilo que não deve ser escrito em um espaço tão público.
Destes dias o que lembro é que as noites eram sempre curtíssimas e cada conversa tinha um sabor misto de "eu te amo por tudo o que vivemos juntos" e "adeus". Um sabor que provavelmente sentirei muitas vezes durante minha vida.
Me lembro também de decidir passar mais tempo fora do quarto, sempre caminhando por lugares que me haviam servido de cenário para tantos eventos. Quis passar o maior tempo possível memorizando cada cantinho da minha casa, cada rachadura, cada grade enferrujada... as diferentes cores das flores que iluminavam nossas vidas quando havia aula às sete da matina.
E foi depois de uma noite de muita conversa e pouco sono em Tortuguero que eu me pus um vestido longo e calcei sandálias venezuelanas emprestadas pela Ximena hermosa e finalmente me formei.

Um comentário:

  1. você é incrível. perdi as contas de quantas vezes me levou ao choro. obrigado

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