sexta-feira, 2 de abril de 2010

"la vida es una cárcel con las puertas abiertas" (...) escribió en la pared con la tripa revuelta.

São dez e cinquenta e seis da noite da sexta-feira da paixão aqui nesta terra sem coelhos ou ovos de Páscoa. Amanhã é sábado, seguido do domingo e tudo volta. Puto IB... mas "é assim que é". Me encontro deitada na rede entre El Coco e Malpaís bebendo chá de maçã e canela com limão, escutando Calamaro e me afogando em tanta poesia. Uma coisa que ouço demasiadamente por aqui em tom de brincadeira séria é que Brasil não conhece nada à volta... e é fato. Conheci o argentino Andrés Calamaro durante a Lunada Poética (a.k.a sarau) da Semana Sudaca. Juanpa Pacheco (Colômbia) pegou o violão e disse que cantaria uma canção de um poeta que gostava de pôr melodia em suas poesias. Creio que nunca vou esquecer essa cena... Necessário nesse ponto um pequeno parêntese sobre este guri. Juanpa parece o Gael García Bernal, tem o borogodó colombiano e é aquele típico artista sujinho. Nos primeiros dias eu estava incrivelmente mal, chorava o tempo todo e não falava com muita gente. Pois bem, uma noite ele sentou ao meu lado no refeitório e disse "tenho te visto triste...." ao que respondi amargamente "aqui não é bem como eu imaginava, tá todo mundo atuando o tempo todo, tentando ser mais interessante para impressionar o maior número de pessoas possível". Ele me olhou bem fundo nos olhos e disse "é, tudo o que você tá vendo é verdade; tem muita falsidade rolando, mas prometo que passa. e sei que pode parecer que eu tô atuando também, mas sempre que você precisar pode contar comigo, viu?!". A bad vibe passou, claro. Nunca fui próxima dele, por uma série de fatores irrelevantes, mas o destino (ou o que quer que nos leve de um lado a outro durante a vida) nos fez ir juntos para a Nicarágua por uma semana na Project Week. Numa nas noites, quando jogávamos Máfia, entre mil risos e brincadeiras, já na etapa final eu disse "ah, Juanpa tá tirando vantagem do fato que eu sou uma pessoa fraca!". Todos morremos de rir, eu mais que todos... mas ele não. Olhei para ele, que me disse baixinho "você não é fraca". Porque criei este parêntese sobre ele? Well, well, well... porque, para mim, essa foi a trilogia que tornou alguém nada próximo inesquecível para mim. Ouvi-lo cantar Media Verónica sendo aquecida pela fogueira naquela noite específica, entre um poema e outro, simplesmente me marcou. Devo desculpar-me aqui... que pretensão pensar que seria interessante falar sobre uma música cantada, uma conversa durante o jantar e uma interna de viagem. Culpem o balanço da rede, o barulho do vento e a poesia de Calamaro... foi o que me derreteu nessa noite gelada.

Um comentário:

  1. Olá, Bethania! sou sua fã incondicional. Provavelmente porque gosto muito de tudo que você escreve. E como escreve bem! garota!! Continue assim e terá sempre muitos fãs.
    Um abração.

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