À primeira vista, me senti repelida
pela ideia de comer algo que se via
tão exótico e sinistro,
tendo lido as linhas de Jean Paul Sartre
sobre crustáceos terem dúbia
consciência. Mas eu estava em Nova Iorque, e
o rapaz que havia conhecido por lá dobrou
meu guardanapo embaixo do meu queixo e
me passou um quebra-nozes para a concha.
Eu era de Minnesota, criada em
trutas de lago e ribeiro. Eu também era
crua e sem forma, como as criaturas
que tomam a forma do seu ambiente.
Minha primeira mordida foi deliciosa, mas a
terceira foi ainda melhor e neste
momento eu já era uma verdadeira garota de Nova Iorque
que usa vestidos justos pretos e cílios falsos,
capaz de lidar com qualquer
crustáceo, com dúbia consciência ou não.
Bethania, adorei esse post, aliás, mais esse! Curto esse seu estilo poético, cheio de figuras de linguagem e entrelinhas recheadas de conteúdo. Parabéns.
ResponderExcluirMinha seleção UWC ficou pro ano que vem, estou bem confiante, acho que eu precisava de mais esse ano pra amadurecer e estar realmente pronta para absorver o máximo de uma experiência como essa. Tomara que o comitê concorde com essa conclusão, hahaha.
Mas anyway, a curiosa aqui não parou de acompanhar o blog e não vai parar tão cedo.
Ah, eu bem queria ter escrito esse poema, mas só o que fiz foi traduzi-lo... mesmo assim, obrigada por acompanhar o blog :)
ResponderExcluirE boa sorte! Mesmo se não for para um UWC, para onde quer que a vida te leve!